Começou neste domingo (25) e vai a próxima terça-feira, 27 de abril, o evento online "Revolução Poética - Festival de Ideias", das 19 às 23 horas. Promovido pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, o festival é transmitido ao vivo pela plataforma digital (www.fundacaodolivroeleiturarp.com) e pelos canais nas redes sociais da instituição.
As atividades acontecem no palco do Instituto SEB - A Fábrica, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, sem público na plateia, com a participação de diversos artistas e intelectuais ligados à poesia e a manifestações relacionadas ao fazer poético, além de profissionais dos setores de cultura, audiovisual e comunicação. Ao todo, mais de 100 profissionais, entre palestrantes, mediadores, mestres de cerimônia, artistas de diversas áreas, produtores, diretores, assistentes, jornalistas e intérpretes de Libras participam do evento.
Segundo a presidente da Fundação do Livro e Leitura, Dulce Neves, "o objetivo é valorizar a poesia como linguagem e manifestação artística e apontar um caminho para a formação de leitores conscientes e críticos, bem como propiciar cultura de qualidade durante a pandemia do novo Coronavírus".
O projeto tem em sua base as ideias e reflexões do antropólogo, filósofo e sociólogo francês Edgar Morin, homenageado especial da 20ª edição da FIL - Feira Internacional do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, que acontecerá em agosto. Adriana Silva, curadora da 20ª FIL, vice-presidente da Fundação e idealizadora do projeto, afirma que o festival coloca em evidência o poder da poesia que, segundo ela, "nada mais é do que o poder da palavra crítica".
O "Revolução Poética - Festival de Ideias" foi contemplado pelo edital ProAc Expresso LAB 40/2020. Trata-se de um projeto realizado pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Instituto SEB e Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto.
Novas utopias
Na abertura do primeiro dia do festival (25), às 19 horas, foi exibido um filme do documentarista Leo Otero. Em "Pioneira Luta", ele explorou o tema de uma das utopias mais antigas da humanidade, a disputa pelo direito à terra, que remonta há milênios e gera guerras até hoje. "Neste vídeo-documentário eu trago este debate para os tempos atuais, com a saga dos povos indígenas que, há 521 anos sofrem um massacre na disputa por território e continuam resistindo e existindo", alerta Otero.
Às 19h30, o debate foi com o ecólogo Philip Fearnside sobre o tema "Sobre as velhas utopias", mediado pela mestre de cerimônia da noite, a jornalista Dulce Neves; a arquiteta e urbanista Marcela Cury Petenusci, o diretor institucional do Instituto Terroá, Daniel Bellíssimo, e Isabela Luciano, participante do projeto NAU.
"É preciso entender que a floresta fornece diferentes serviços essenciais a toda a população brasileira, como a água de outras partes do país, e que são recursos ameaçados em um futuro próximo", adiantou o ecólogo norte-americano de 73 anos, 40 deles vivendo no Brasil, onde desenvolveu a maior parte de sua carreira de reconhecimento internacional, que inclui um prêmio Nobel da Paz, em 2007, junto a outros cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
Às 21h, foi a vez do projeto Alma (Academia Livre de Artes e Música de Ribeirão Preto) apresentar o espetáculo "Conglomerados Utópicos, Distópicas Paisagens", com a participação de alunos de seu corpo experimental de dança.Logo em seguida, às 21h30, o jornalista e escritor Zuenir Ventura, autor de livros como "1968 - O ano que não terminou", "Cidade Partida" e "Chico Mendes - Crime e castigo", apresentou a sua visão sobre o tema "Sobre as novas utopias".
Para o jornalista, o Brasil, de um jeito ou de outro, sempre experimentou um sentimento de utopia, seja olhando para a frente, como "o país do futuro", ou para trás, com nostalgia dos idealizados "anos dourados". "Estamos sempre esperando alcançar algo que nunca chega ou que já passou, mas na verdade, hoje, estamos em uma distopia nunca vivida, com um acúmulo de crises: de saúde, política, econômica, ética, social e ambiental", enfatiza.
Para compor o debate com Zuenir Ventura, estiveram presentes a mestre de cerimônias, Dulce Neves, a jornalista Yara Racy, o Dr. Marcos Câmara de Castro, que é professor da FFCLRP-USP e representará o convênio USP - Alma) e a arte-educadora, Priscilla Altran.
"A utopia realizada" é o tema de abertura do segundo dia do evento, nesta segunda-feira (26), com apresentação das atrizes e contadoras de histórias Tânia Alonso e Thais Foresto e palestra do escritor Alexandre Ribeiro. Mais do que a teoria, Alexandre, de 22 anos, conhece bem as utopias como forças capazes de romper as barreiras da desigualdade social, abrindo caminho para a realização de sonhos, para muitos, impossíveis. Como foi possível sair da realidade de uma favela brasileira e chegar até uma bolsa de estudos em uma faculdade alemã? "Utopias são realizadas através de muito amor, de oportunidades e de autoconhecimento. Minha fala busca, através da história de um simples moleque favelado, semear o nosso maior poder de subversão em tempos caóticos: o poder de sonhar", adianta o escritor.
Na programação dos outros dois dias do festival estão confirmados nomes como Coletiva Sarau DisseMinas, Ni Brisant, Leser MC, Tânia Alonso, Thais Foresto, De Lucca Circus, Alfredo Pena-Vega, Maria Adélia de Souza, Manuela Salau Brasil, entre outros. A programação completa do Revolução Poética pode ser acessada no site: www.fundacaodolivroeleiturarp.com ou pelas redes sociais da instituição: @fundacaolivrorp.