O roubo de dados para aplicação de golpes financeiros vem aumentando gradativamente no Brasil. O Radar Febraban, pesquisa da Federação Brasileira dos Bancos realizada com três mil pessoas de todas as regiões do país, mostrou que o número de vítimas de golpes aumentou no último ano. Em setembro de 2021, 21% dos entrevistados relataram ter caído em algum tipo de fraude. Já em junho de 2022, esse percentual subiu para 31%.
O levantamento mostrou que os que disseram ser mais atingidos são homens (35%), os que ganham mais de cinco salários-mínimos (41%), têm nível superior (38%) e têm idade acima de 60 anos (35%). Outro dado apurado nas entrevistas é que o golpe mais comum continua sendo o da clonagem de cartão. Pelo menos 64% dos entrevistados disseram ter tido problema com esse golpe, que teve aumento de 16% em relação à pesquisa realizada em dezembro de 2021, atingindo 48% dos entrevistados.
Também foram citados os golpes da central falsa, do golpe do leilão, da loja virtual e do WhatsApp. Segundo a pesquisa Panorama Mobile Time Opinion Box, 43% dos entrevistados que afirmaram ser usuários do aplicativo foram alvo de algum tipo de estelionato. O mais comum entre esses golpes é o que usa a foto do usuário para pedir dinheiro dos contatos.
Outro tipo de fraude que também tem dado dor de cabeça às vítimas é conhecido como “golpe do brinde”, que consiste em convencer a vítima, via telefone, de que ela ganhou um presente de determinada marca. Uma das modalidades desse golpe é dizer que para receber o brinde, o cliente precisa pagar o frete, em cartão de crédito. Ao passar o cartão na máquina, o valor do serviço é mudado, sempre para mais do que foi informado, sem que o cliente veja. Neste caso, a vítima até recebe o brinde, mas só depois descobre a fraude no cartão.
Outra modalidade é o uso de biometria facial da vítima, que os fraudadores usam para obter financiamentos bancários via internet. De acordo com a especialista em prevenção em fraudes, Rita de Cássia Sola Dias, nesta modalidade os criminosos entram em contato com a vítima por telefone ou WhatsApp para informar que ela vai receber um brinde, se passando por floriculturas, lojas de cosméticos, entre outras. Em seguida, informam que não podem deixar o brinde na portaria e precisam que a pessoa receba pessoalmente e um horário é agendado para a entrega.
“Na entrega do brinde, o entregador, com o seu próprio celular, informa a vítima que precisa capturar ou tirar uma selfie (biometria facial) para comprovar que de fato fez a entrega. Um detalhe importante é que normalmente as vítimas relatam que no celular dos entregadores tem uma fita isolante na parte superior da tela. Isto porque eles querem esconder o nome da instituição financeira, uma vez que quando estão capturando a foto já estão conectados nos aplicativos de financiamentos bancários”, detalha.
Cássia Dias acrescenta que com a captura da biometria facial, os criminosos concretizam a contratação de um financiamento e a vítima só fica sabendo quando o banco entra em contato para confirmar a contratação ou, na pior das hipóteses, quando começam a chegar as cobranças por falta de pagamento. “Este tipo de golpe já foi identificado em todos os estados brasileiros e o valor dos financiamentos chegam a até R$ 100 mil”, informa a especialista, que tem mais de 20 anos de experiência na prevenção de fraudes bancárias.
Para se precaver do golpe, ela explica que o primeiro passo é desconfiar deste tipo de contato e não continuar na ligação. “Não permita que seja feita captura de sua selfie e nem que seus documentos de identificação e comprovantes de residências sejam fotografados”, aconselha.
Febraban alerta para cuidados com golpes aplicados via WhatsApp
Os golpes que envolvem aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, têm se tornado cada vez mais comuns, conforme mostrou o levantamento da Febraban. Segundo a entidade, as tentativas de fraudes registradas por meio do aplicativo mais relatadas são basicamente duas:
- Pedidos de transações: fingir ser alguém do relacionamento pessoal ou profissional e, sob alegação de alguma dificuldade em acessar o aplicativo do banco, o golpista pede para que a vítima realize transferências ou pagamentos, através de Pix, TED ou DOC. Normalmente, utilizam um número de telefone novo e colocam a foto do usuário do WhatsApp através de imagens disponíveis na internet.
- Phishing: através de técnicas de engenharia social, enganam o indivíduo para que ele forneça informações confidenciais, como senhas e números de cartões.
Para ajudar usuários a evitar esses tipos de golpes, a Febraban lista 15 dicas de segurança para se proteger.