07/04/2022 às 17h39min - Atualizada em 11/04/2022 às 00h20min

Jucemg é alvo de golpistas que atuam com leilões falsos

Delegacia Especializada em Investigação de Crimes Cibernéticos investiga os casos; para especialista, informação e apoio do poder público são essenciais para prevenir crimes

DINO


Golpistas estão criando sites falsos de juntas comerciais no Brasil, uma delas é da Jucemg (Junta Comercial do Estado de Minas Gerais) e aplicando golpes milionários em território mineiro. Os criminosos digitais utilizam variações com finais diferentes, direcionando consumidores em busca de leilões para páginas falsas. Diante disso, a Jucemg emitiu um alerta, informando que o único site oficial de leilões da Junta é o jucemg.mg.gov.br. 

Segundo a PCMG (Polícia Civil de Minas Gerais), há um inquérito policial instaurado para apurar os fatos, sendo que a investigação prossegue sob responsabilidade da Delegacia Especializada em Investigação de Crimes Cibernéticos.

Em nota divulgada à imprensa, a PCMG afirma que, “considerando que o estelionato é crime de ação penal pública condicionada à representação, a Polícia Civil orienta que a vítima registre o boletim de ocorrência e represente. Dessa forma, um procedimento investigatório será instaurado e os fatos serão devidamente apurados".

Na análise de Marilaine Borges de Paula, leiloeira oficial de leilões judiciais e extrajudiciais, a desinformação é a principal razão por trás do grande número de pessoas que caem em golpes de falsos leilões. “Os criminosos utilizam a velha crença do mercado brasileiro de que comprar de uma empresa com CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) é seguro. Ou seja, os golpistas se utilizam da boa fé das pessoas”.

A especialista destaca que não há órgãos de prevenção a golpes de falsos leilões, assim como não existem conselhos que regulam a profissão. “Os leiloeiros oficiais são fiscalizados pelas Juntas Comerciais dos estados brasileiros que, já há anos, se mostram inertes à causa”.

Iniciativa de entidades ajuda a identificar leilões falsos

Como uma alternativa, para Marilaine, campanhas de conscientização aos consumidores poderiam não apenas ajudar na prevenção de golpes, como também trazer uma elevada noção de cuidado para quem compra em leilão ou queira comprar - além de levar informações de utilidade pública à sociedade em geral.

“O InnLei (Instituto Nacional de Leiloeiros e Tecnologia) e a Aleoesp (Associação dos Leiloeiros Oficiais do Estado de São Paulo), em uma iniciativa conjunta, pensando na segurança de quem compra em leilão, criaram uma ferramenta para consulta dos sites falsos”, reporta. “Vale a pena consultar a plataforma, onde também é possível tirar dúvidas por canais de comunicação, como chats ao vivo”.

A ferramenta a que o leiloeiro oficial se refere são canais de denúncias disponibilizados nos sites das entidades (https://innlei.org.br/ e https://www.aleoesp.org.br/), que contam com a participação de vítimas que podem relatar os crimes sofridos. 

A iniciativa surge em um momento em que os golpes de leilões falsos ganham os domínios da internet do país. Em 2020, mais de 52 mil brasileiros tiveram contato com falsos sites de leilões, de acordo com pesquisadores do dfndr lab, laboratório de pesquisas em segurança cibernética da empresa brasileira PSafe. Segundo o grupo, foram detectados 819 domínios maliciosos no período.

Marilaine explica que a resposta da ferramenta sobre sites e leiloeiros não é instantânea, pois depende de uma análise bem refinada para determinar se o site é, ou não, falso, e se o leiloeiro também é uma vítima e não tem conhecimento de que seu nome esteja sendo utilizado de forma criminosa. “Mas, já de antemão, damos algumas informações importantes que propõem alertar a pessoa com dicas simples que são poderosas ferramentas para livrá-la de cair em um golpe de sites falsos”.

Para finalizar, a leiloeira oficial de leilões judiciais e extrajudiciais destaca que, a exemplo da iniciativa da InnLei e da Aleoesp, é necessário chamar a atenção do poder público e das Instituições públicas e privadas que estão à frente no mundo da segurança cibernética. “As secretarias de Segurança Pública dos estados devem ouvir as instituições de classe dos leiloeiros a fim de buscarem, juntos, soluções que agreguem valor à segurança no mercado dos leilões, o que pode diminuir esses crimes”.

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