Se os sorrisos dos artistas de televisão estão cada vez mais brancos e mais brilhantes, uma explicação para isso pode ser o fato de muitos destes profissionais terem aderido ao uso das lentes de contato dental, lâminas ultrafinas, com espessura de 0,25 a 0,3 milímetros, confeccionadas em cerâmica ou resina composta que, aderidas aos dentes, podem corrigir pequenos detalhes estéticos.
No Brasil a moda tem ganhado força nos últimos anos, mas a história das lentes de contato dentais e das lâminas de porcelana (um pouco mais espessas) é antiga. Segundo um estudo realizado pelo Prof. Dr. Fernando Mandarino, da Forp-Usp (Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo), o desenvolvimento dos procedimentos de confecção e facetas “com o intuito de recobrimento da face vestibular dos dentes” teve início no final da década de 20, com o dentista Charles Pincus, sendo o registro sobre sua atuação, realizado em 1947, o mais antigo na literatura especializada sobre o tema.
Pincus atuava junto às estrelas de Hollywood, nos Estados Unidos, realizando “o facetamento das superfícies vestibulares esteticamente desfavoráveis através da fixação de dentes de acrílico com pó adesivo sem qualquer desgaste dos dentes”, sendo um procedimento, portanto, provisório.
A técnica, ainda segundo o estudo, publicado em julho de 2003, evoluiu nas décadas seguintes, sem que, contudo, merecesse destaque como opção restauradora dos dentes. A partir de 1983, com o condicionamento das porcelanas com ácido fluorídrico por J.R. Simonsen e R. J. Calamia, e a proposição da técnica de confecção de facetas laminadas de porcelana por H. R. Horn, a técnica avançou, não somente no quesito estético, como também no âmbito funcional.
Aplicação com responsabilidade
Segundo especialistas, a aplicação de lentes e facetas deve ser realizada após a constatação de que os dentes, gengivas e outros componentes da cavidade bucal estão saudáveis, ressaltando-se que a opção por outros tratamentos, como clareamento dental ou ortodontia, não devem ser descartados. Sobre as diferenças entre as lentes e as facetas de porcelana, as últimas são mais grossas, tendo entre 0,7 e 2 milímetros de espessura, sendo mais indicadas para dentes comprometidos por restaurações.
Para Marcelo Borille, responsável por uma clínica de odontologia estética de Porto Alegre, a aplicação de lentes de contato dental é indicada “para pessoas que desejam realizar harmonização facial para corrigir pequenas imperfeições em seus dentes”. O dentista cita o fechamento de espaço entre os dentes, a alteração de formato dental e o estabelecimento de proporção adequada entre altura e largura da boca (especialmente para dentes muito pequenos), como alguns dos casos em que as lentes de contato dental são uma alternativa para os pacientes.
De modo geral, explica Dr. Borille, são necessárias três sessões para a aplicação das lentes de contato dental, sendo a primeira delas para diagnóstico e planejamento, uma segunda para adequação dental e moldagem digital através de scanner intraoral ou analógica e, por fim, a última etapa, que consiste na cimentação, adesão e colagem.
O necessário processo de desgaste dos dentes para a aplicação das lentes, que é irreversível, faz com o paciente seja obrigado a assinar um termo de responsabilidade. “É possível fazer a remoção das lentes”, explica Dr. Borille. “Porém, como não é recomendado que isso seja feito já que o processo é muito delicado e requer o uso de uma broca para a remoção da porcelana”, completa.
Para mais informações, basta acessar: https://www.lentedecontatodental.poa.br/