Após uma expansão significativa em 2021, o crédito deve ter crescimento mais tímido neste ano. É o que aponta estimativa da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito. Segundo a entidade, a expectativa é que o índice se mantenha próximo aos 7%, impulsionado principalmente por linhas de crédito mais curtas e sem garantia, como cheque especial, empréstimos pessoais não consignados, rotativo e parcelado do cartão de crédito.
Os números contrastam com os do ano passado. De acordo com o Banco Central, a carteira de crédito consolidada do Sistema Financeiro Nacional avançou 16% em termos anualizados, na comparação entre outubro/21 e outubro/20. Na mesma base de comparação, o crédito destinado às empresas subiu 11,4%, enquanto o destinado às famílias expandiu-se em 19,7%.
Segundo Elias Sfeir, presidente da ANBC, a mudança de cenário pode ser atribuída a uma série de fatores. “Começamos 2022 com uma taxa de juros bem mais alta do que a registrada no começo de 2021, e esse nível mais elevado deverá vigorar praticamente todo o ano, a fim de estimular o processo de desinflação da economia brasileira”, detalha.
Além disso, pontua Sfeir, é preciso observar que a inadimplência, que se manteve bem comportada em 2021, tende a subir de patamar neste ano, impulsionada pelos impactos da inflação sobre a capacidade de pagamento da população. Na visão do executivo, as eleições presidenciais também devem contribuir para o quadro de incertezas do ano.
As estimativas da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito apontam ainda que as linhas de crédito mais longas ligadas a consumo, formação de patrimônio e investimentos ficarão mais contidas em 2022, seja pelo próprio impacto das taxas de juros e diminuição da confiança de empresas e consumidores, seja pelo baixo dinamismo esperado para a economia brasileira em 2022.
“Neste contexto, caberá aos atores do mercado de crédito trabalharem nos ganhos de eficiência mais do que na expansão de volumes, incorporando uma série de inovações tecnológicas e estruturais, como a ampliação do Cadastro Positivo, Open Banking, Open Finance, fintechs, Blockchain e finanças descentralizadas, por exemplo, preparando-se para um novo período sustentável de expansão do crédito”, finaliza Sfeir.