A pesquisa Saúde Ocular no Brasil, conduzida pelo Ibope, a pedido da Alcon, empresa líder mundial em cuidados com a visão, mostrou que 34% dos brasileiros nunca foram ao oftalmologista. E entre os 66% que já foram, a maioria (53%) declarou ir menos de uma vez a cada dois anos.
Entre os problemas de visão abordados, a catarata, que atinge 100% da população a partir dos 50 anos, aparece como uma situação majoritariamente conhecida - 93% afirmaram já ter ouvido falar ou conhecer a catarata. Desse total, no entanto, 53% disseram não saber como tratá-la.
Quem está perto dos 50 anos conhece os efeitos do tempo sobre a qualidade da visão. É a hora em que a presbiopia, conhecida popularmente como vista cansada, já dificulta atividades que exigem visão de curta distância. Percebe-se que ações como ler, usar o celular ou fazer trabalhos manuais exigem um esforço maior. Não raramente, começa-se a afastar o braço ou apertar os olhos para enxergar melhor.
Diferentemente da presbiopia, com sintomas bem claros e palpáveis, a catarata, que é o envelhecimento normal do cristalino, a lente natural dos olhos, é mais silenciosa. Esse processo, que provoca o embaçamento gradual da visão, começa após os 50 e evolui lentamente, sem grandes prejuízos no princípio. O tratamento é cirúrgico, com a substituição do cristalino por uma lente intraocular.
Uma dúvida comum é se deve-se pensar em catarata quando está no início ou só quando ela começar a incomodar, mais tarde. Alguns especialistas recomendam agir antes que os sintomas apareçam. Isso porque, apesar da evolução lenta na maioria dos casos, a catarata ainda é a maior causa de cegueira reversível no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Outro motivo é que a cirurgia de catarata pode significar o passaporte para uma relevante melhora da qualidade de visão e até independência dos óculos. Isso porque, com a alta tecnologia aplicada no desenvolvimento de lentes intraoculares, o procedimento pode eliminar a presbiopia, além de outros problemas, chamados refrativos, como miopia, hipermetropia e astigmatismo.
Além disso, a cirurgia, propriamente, está longe daquela imagem antiga de um procedimento complicado, pontos nos olhos, tampões e longos períodos de recuperação. Hoje, com a alta tecnologia em equipamentos e insumos, a cirurgia da catarata leva minutos, sem necessidade de pontos e de onde a pessoa sai enxergando perfeitamente.
A Voz do Especialista
O Dr. Francisco Porfírio Neto Jr., um dos principais especialistas em cirurgia de catarata do Brasil, esclarece algumas dúvidas sobre o sobre o tema.
Como é sabido, os sintomas da catarata não são perceptíveis para o paciente quando ela ainda está no início. Como, então, saber se já há ou não catarata?
Realmente, os sintomas são quase imperceptíveis para o paciente no estágio inicial da catarata. Eles, na verdade, começam a incomodar em uma fase mais adiante, em que a catarata já está mais madura, mas, nem sempre, são associados a ela. Nessa fase, com o embaçamento gradativo da visão e o aumento da perda de contraste, é comum acontecerem acidentes domésticos, especialmente quedas. E ela não percebe que o problema é a visão, porque a catarata evolui lentamente e acabamos nos acostumando com ela. O meu conselho é não esperar que os sintomas cheguem a esse estágio. Ao completar cinquenta anos, é necessário fazer uma consulta oftalmológica, mesmo que não esteja sentindo nada, para que o oftalmologista possa verificar se há ou não catarata, avaliar o estágio em que ela se encontra e recomendar a melhor forma de agir.
E como o oftalmologista faz o diagnóstico de catarata? Que tipo de exame é feito?
Basicamente, os exames são a lâmpada de fenda, o teste da acuidade visual e a biometria. Também levamos em consideração as queixas do paciente. Por exemplo, se ele enxerga bem durante o dia, mas tem mais dificuldade para enxergar no final da tarde.
Existe algum parâmetro que determine o momento certo de fazer a cirurgia de catarata?
A definição do momento certo de fazer a cirurgia não é tomada a partir de um único parâmetro. Ela pode variar, porque envolve também muitos aspectos subjetivos. Cada caso deve ser tratado individualmente, levando em consideração as necessidades e expectativas do paciente, sua saúde ocular e até mesmo o seu estilo de vida. O que posso afirmar é que, normalmente, entre 50 e 70 anos, a cirurgia de catarata é bem mais fácil, tem uma recuperação rápida e um risco muito pequeno. Acima de 70 anos, isso começa a mudar, com a evolução da catarata ano a ano e o seu consequente amadurecimento. Se demorar demais e a catarata endurecer, a cirurgia exige mais tempo e, em muitos casos, é necessário utilizar uma anestesia mais significativa. Por outro lado, um paciente de 60 e poucos anos, com uma catarata em estágio inicial, é possível operar em poucos minutos, utilizando apenas um colírio anestésico.
Como o senhor vê a evolução da cirurgia de catarata e a resposta dos pacientes em termos de satisfação?
Há 16 anos o índice médio de satisfação dos pacientes após a cirurgia era algo em torno de 75%. Hoje em dia, este índice já chega a 92%. Eu acredito que boa parte desse resultado se deve aos altos investimentos feitos pelas empresas no desenvolvimento de tecnologias de equipamentos e lentes, que melhoram cada vez mais a experiência dos pacientes.