23/11/2021 às 10h32min - Atualizada em 25/11/2021 às 05h20min

Saúde mental do brasileiro piorou durante a pandemia

Incidência de doenças psicossomáticas aumentou, segundo pesquisas.

DINO
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Segundo a Associação Brasileira de Medicina Psicossomática, estima-se que uma em cada cinco pessoas tende a traduzir angústias e conflitos psicológicos em sintomas físicos ou doenças corporais. Mas uma pesquisa feita em maio de 2020 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) mostrou que cerca de 89% dos 400 psiquiatras destacaram o agravamento de quadros de saúde mental em seus pacientes desde que a pandemia devido à Covid-19 começou. Dados do artigo publicado pela Agência Brasil destacam que várias doenças psicossomáticas tiveram incidência maior, principalmente as que parecem com os sintomas da Covid-19, devido ao medo de contrair a enfermidade. Tal dado é corroborado pelo artigo “COVID-19 e saúde mental: a emergência do cuidado”, de André Faro, Milena de Andrade Bahiano, Tatiana de Cassia Nakano, Catiele Reis, Brenda Fernanda Pereira da Silva e Laís Santos Vitti. “Um evento como esse ocasiona perturbações psicológicas e sociais que afetam a capacidade de enfrentamento de toda a sociedade, em variados níveis de intensidade e propagação”, diz a pesquisa.

Segundo estudo do instituto Ipsos, encomendado pelo Fórum Econômico Mundial e cedida à BBC News Brasil, 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano.

Doenças psicossomáticas

De acordo com o artigo científico “Psicossomática um estudo histórico e epistemológico”, de Ednéia Albino Nunes Cerchiari, o termo psicossomático, na expressão mais comum, pode reportar-se tanto ao quesito da origem psicológica de determinadas doenças orgânicas, quanto às repercussões afetivas do estado de doença física no indivíduo, como até confundir-se com simulação e hipocondria, onde toma um sentido negativo.

Leonardo Tadeu Silva Souza Lima, no artigo “O papel do símbolo na psicossomática psicanalítica”, afirma que as origens da psicossomática estão relacionadas à medicina na Grécia antiga. Mas com pesquisas e estudos “se constatou é que a somatização está relacionada a experiências primitivas anteriores à aquisição da linguagem”.

Culpa e arrependimento

A psicóloga Alícia Mendes explica causas emocionais e distúrbios psicológicos são a principal causa das doenças psicossomáticas, como stress, ansiedade, depressão, traumas, problemas financeiros, perdas, luto, culpa e arrependimento e outros. Segundo a profissional, culpa e arrependimento são sentimentos fazem parte do ser humano porque ele é um ser imperfeito. “Inevitavelmente iremos errar na vida, muitas vezes e desde que somos muito jovens, por isso os dois sentimentos sempre estarão presentes. E, apesar de não nos sentirmos bem com isso, devemos lembrar que isso no que torna mais humanos”, afirma.

A profissional destaca que ao cometer erros o arrependimento é algo natural e bom, pois pode servir de aprendizado sobre si mesmo e suas escolhas, levando à reflexão. Ela ainda comenta que é sabido que quem guarda arrependimentos pode ficar doente. “A pessoa fica amarga, magoada e até mesmo com raiva de si mesma e dos outros. Assim, o alto nível de estresse, tristeza e dor mental acarreta inúmeras complicações em várias áreas da vida”, afirma.

Além da sensação de fracasso, os arrependimentos costumam estar associados a um sentimento de culpa, que pode levar a pessoa a ser cruel com ela mesma – e com quem julgar necessário. “Essa é uma forma que o ser humano encontrou de tentar amenizar essas sensações, mas não funciona e traz apenas mais sofrimento”, salienta a psicóloga. 

Arrependimento na ficção 

O arrependimento e a culpa são temas muito tratados na ficção. “O Céu da Meia-Noite”, que tem o ator George Clooney como diretor e protagonista, é um deles. A obra é adaptação do livro de mesmo nome escrito por Lily Brooks-Dalton. Entre as produções brasileiras sobre o tema, há o filme “Se Arrependimento Matasse”, da diretora Lília Moema Santana, e o livro “O Homem e o Santo”, de Marcelo Rebelatto, publicado pela Editora Albatroz, um drama com elementos psicológicos, filosóficos e teológicos.

Segundo Marcelo, a ideia para escrever sobre o assunto veio de uma necessidade de despertar no leitor o interesse à autoanálise, à reflexão sobre a origem dos pensamentos, as consequências das escolhas e decisões e o rumo que isso traz para a vida. “Minha intenção foi pensar sobre o que poderíamos ter feito ou deixado de fazer e até que ponto tais escolhas poderiam ser melhores ou piores, além de trazer à tona elementos psicológicos, filosóficos e teológicos tão prementes na vida de muitas pessoas, para que, por intermédio dos personagens que atravessam por dilemas de consciência, o leitor possa fazer uma imersão em sua própria consciência buscando reaver – ou reafirmar – os valores pelos quais sua vida está pautada”, explica.

Um autor que também focava nessas questões existenciais era Fiódor Dostoiévski. Escritor que baseava a vida de acordo com a religião, seus romances discutiam em grande parte culpa. Segundo Alexandre Vidal no artigo “A Culpa em Dostoiévski”, no site do Conselho Internacional de Psicanálise, “como a dor sinaliza que algo está quebrado em nosso corpo, a culpa sinaliza que algo está quebrado em nossa alma. Mesmo quando ele tenta se convencer de seu status de super-homem, Raskolnikov (personagem principal da obra Crime e Castigo) está cheio de culpa e remorso. Um terapeuta freudiano moderno provavelmente diria a ele que seus sentimentos de culpa são o problema, mas não são. A realidade de sua culpa é o fato que desmente o relativismo moral, a falsa crença de que o homem pode viver e escolher e florescer em um mundo além do bem e do mal”. E o autor desse clássico, um dos maiores da literatura mundial, é uma das grandes inspirações de Marcelo Rebelatto.

“O Homem e o Santo” é permeado com o tema culpa e arrependimento, assim como a busca pelo perdão. “Algumas decisões podem ser reparadas, revertidas ou até mesmo anuladas, no entanto muitas são irreparáveis, definitivas e remodelam completamente a trajetória de nossas vidas, levando-nos a lugares e situações que jamais esperávamos e revelando que mesmo pequenos atos podem provocar grandes mudanças, seja para o bem, seja para o mal...”, diz trecho da sinopse.



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