País com a terceira população mais tatuada do mundo, os Estados Unidos estão vivendo um boom no mercado de tattoos. Segundo pesquisa divulgada pela IBIS World, o setor responsável por faturar 1.4 bilhão de dólares ao ano, vai fechar 2021 com um crescimento de 23.2%. Somando cerca de 25 mil estúdios e mais de 30 mil tatuadores, o país enfrenta agora o desafio de atender a demanda local enquanto lida com a baixa de suprimentos como tintas, agulhas, luvas e máscaras, que estão até 300% mais caros em decorrência da pandemia.
Daí que ter uma tatuagem na pele encareceu, custando em média entre 150 e 300 dólares a hora, dependendo da complexidade e tamanho do desenho. “Preços mais elevados não têm impedido nossos clientes de se tatuarem mais de uma vez”, comenta Oleksandra Masiuk, conhecida como Sasha, proprietária do Sashatattooing, com estúdios na Espanha, Rússia e Estados Unidos. “Observamos um aumento global na demanda por tatuagens”, conta. “Estúdios do mundo inteiro estão competindo por artistas”, afirma Sasha, que encontrou no Brasil o talento de Wallace Herrera para compor o time de onze tatuadores residentes no estúdio de Los Angeles.
Nascido em Sertãozinho, interior de São Paulo, Wallace é especializado no estilo neo-asian, que combina desenhos tradicionais japoneses com motivos futuristas, uma das tendências mais procuradas atualmente nos estúdios norte-americanos. “Os brasileiros se destacam nessa área por conta da influência da comunidade japonesa em São Paulo, a maior fora do país de origem”, conta o artista, que no ano passado teve o seu trabalho destacado na publicação especializada Wa Modern, no Japão.
O estilo de Wallace ficou conhecido mundo afora por conta das redes sociais, principal ferramenta de divulgação deste setor. Outro fator que influencia esse mercado é o sucesso de astros da NBA como LeBron James e J.R. Smith, que exibem na pele desde emojis até desenhos customizados. “Quando vejo alguém como Derrick Rose fazendo uma tattoo com motivo asiático, sei que teremos uma avalanche de pedidos semelhantes”, afirma Sasha.
“O público está mais diverso e pedindo tatuadores de diferentes estilos”, diz Monica Motta, artista brasileira que trabalha no Fleur Noire Tattoo, com estúdios em Los Angeles e Nova York. Ela conta por que artistas do Brasil estão em alta demanda no exterior. “Os brasileiros são vistos como artistas dinâmicos, com referências que vão da tradicional americana até asiática”, comenta Monica.
Uma pesquisa recente da Ipsos revela que três em cada dez (30%) norte-americanos têm pelo menos uma tatuagem, sendo quatro a quantidade média de tattoos por pessoa. Quarenta por cento dos tatuados têm entre 18 e 34 anos e 36% das pessoas com idades entre 35 e 54 têm pelo menos uma tatuagem, enquanto o mesmo é verdade para apenas 16% das pessoas com 55 anos ou mais.