15/10/2021 às 14h05min - Atualizada em 16/10/2021 às 08h20min

Busca pela internacionalização das empresas cresce no Brasil

Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores (MRS), cerca de 45% dos empreendedores que internacionalizar seus negócios, estão nos Estados Unidos. Os dados foram levantados em maio de 2021.

DINO
Os desafios da internacionalização das empresas


Pesquisa recente apresentada pela Forbes mostrou que o número de imigrantes empreendedores foi o menor nos últimos anos graças às políticas de imigração, mas isso não foi impeditivo para empresas brasileiras buscarem a internacionalização como alternativa à retomada econômica lenta que o Brasil vivencia.

Tal retrocesso imigratório fez com que Joe Biden revisasse os protocolos de imigração a fim de criar incentivos aos investidores no país, mas o alto custo, considerando a taxa cambial atual, tem sido um dos grandes desafios para o empreendedor.

Uma das propostas para atrair novos investidores, os Estados Unidos lançaram a possibilidade do visto EB-5, que oferece Green Card provisório para o investidor, cônjuge e filhos menores de 21 anos, mas apesar desse benefício, há outros desafios a serem superados.

“Apesar do incentivo, o processo é extremamente burocrático, oneroso e demorado”, relata Rafael Cortez, um dos donos da Hyped Angels, empresa de moda que tentou a permanência nos Estados Unidos e teve o visto negado. A empresa que atuava com venda de marcas de grife, teve que voltar ao Brasil após implicações da sua permanência, enfrentando um desafio ainda maior, a tributação brasileira no comércio de importados de luxo.

Essa mesma experiência de visto negado aconteceu com a companhia Sendbird, fundada por John S. Kim, que mesmo movimentando milhões de dólares e gerando 800 mil empregos, teve o pedido de Green Card negado.

Com a proposta do presidente norte-americano que oferece a possibilidade de conseguir o visto EB-5, o investidor deve apresentar o mínimo de US$ 500 mil, o que reflete em mais de R$ 2 milhões, algo que foge do alcance dos pequenos empresários que visam à internacionalização das empresas, seja pela proposta tributária ou posicionamento estratégico.

Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores (MRS), cerca de 45% dos empreendedores que internacionalizaram seus negócios, estão nos Estados Unidos. Os dados foram levantados em maio de 2021. Mesmo com os requisitos orçamentários elevados, visto a taxa cambial da conversão do real para o dólar, há outros desafios a serem superados.

“Esse valor impacta diretamente o pequeno empreendedor, pois boa parte dos empregos locais nos Estados Unidos são de empresas estrangeiras, além de movimentar uma cadeia produtiva em todo o país”, ressalta Rafael. A empresa que ficava sediada em New Jersey tentou migrar para a Flórida, visto o alto crescimento da região pouco antes da negativa do visto. O grande desafio para o empreendedor, segundo o fundador da Hyped Angels, é superar a burocratização imposta principalmente nos Estados Unidos.

Segundo o relatório semestral da U.S. State Monitor Report from BMO Economics, o estado da Flórida apresentou crescimento de 3,2% no PIB real, mantendo o estado na liderança de desenvolvimento concentrando a maior comunidade de brasileiros fora do país, sendo a principal escolha dos empresários brasileiros que buscam a internacionalização das suas empresas.

Dentre os fatores que a Flórida é preferência, estão clima, fácil acesso ao Brasil pela quantidade de voos direto e pela comunidade brasileira na região, conforme aponta o Florida Department of Economic Opportunity, que atua na consultoria para empresas que desejam se internacionalizar.

Superado os aspectos burocráticos, o empreendedor precisa se adaptar às taxas tributárias, legislação e seguir à risca os protocolos de abertura de empresa e conta bancária, relata Rafael.

Já em outros países como Reino Unido, graças ao rompimento das relações comerciais europeias após o Brexit, começaram a receber empreendedores brasileiros com muita receptividade, iniciando uma corrida para captação de empresas que fomentem a economia como o UK Department for International Trade, um programa de apoio e incentivo ao desenvolvimento de empresas brasileiras no país.

Há outros programas de incentivos como o Santander Trade que auxilia gratuitamente empresários na busca da internacionalização em networks, grupos e insights.

“O empresário que busca a internacionalização precisa estar ciente dos riscos, das adaptações necessárias e toda mudança que envolve o processo, mas vale a pena, já que no Brasil, oferecer produtos de qualidade e originais acaba caindo no descrédito muitas vezes, pois são raras as empresas que realmente entregam o que oferecem, algo que lá fora, é diferente”, finalizou Rafael Cortez.

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