Desde que o coronavírus Sars-Cov-2 chegou ao país, em março de 2020, muita coisa mudou no que diz respeito aos hábitos dos brasileiros. E levando-se em consideração o fato de tratar-se de uma crise sanitária - que durante um grande período de tempo também foi acompanhada de uma crise hospitalar - o autocuidado da população também tem alterado-se ao longo dos últimos meses.
De acordo com a pesquisa ‘PICCovid – Uso de Práticas Integrativas e Complementares no Contexto da Covid-19’, divulgada em julho deste ano, mais da metade (61,7%) da população brasileira buscou terapias alternativas ao longo deste período de pandemia. A análise é resultado de uma parceria entre pesquisadores do ObservaPICS (Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde) da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), do ICICT (Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde) e da FMP/Unifase (Faculdade de Medicina de Petrópolis), no Rio de Janeiro.
Entre outros pontos, o estudo demonstrou que 81% dos brasileiros recorreram às práticas integrativas em busca de bem-estar, ao passo que 15% dos participantes incorporaram as modalidades ao tratamento de doenças crônicas, como dores na coluna.
Ainda de acordo com o balanço, 25% dos entrevistados participaram de quatro ou mais categorias dentre as 29 PICs (Práticas Integrativas e Complementares em Saúde) reconhecidas e ofertadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), como apiterapia, meditação, aromaterapia, acupuntura, homeopatia e cromoterapia.
Na perspectiva do Dr. Jeferson Molina, responsável pela empresa Quantic Health, o maior acesso à informação pode estar por trás do aumento da busca por Práticas Integrativas e Complementares (PIC) durante a crise sanitária.
“Durante o período de pandemia, muitas pessoas que não possuíam o hábito de usar as ferramentas digitais passaram a acessá-las. Consequência disso, também tiveram acesso a uma série de informações de um universo que caminhava paralelamente, porém com pouca visibilidade até então”, reflete.
Segundo Molina, as medidas de quarentena e isolamento social contribuíram para que muita gente entrasse em um período de colapso emocional.
“Com a descontinuação abrupta de rotinas de trabalho e estudo de forma presencial, milhões de cidadãos que ficavam mais de doze horas por dia fora de casa passaram a conviver com as famílias”, analisa.
Por que recorrer a terapias integrativas?
Na visão de Molina, há uma tendência na busca por terapias não-convencionais. “Via de regra, a fala de todas as pessoas que chegam às terapias é ‘estamos cansados de abafar os sintomas’. As práticas integrativas veem o sintoma e a queixa como um acesso à busca pelo atendimento, mas o foco do tratamento é na causa, no sistema, no todo do indivíduo, no inteiro", afiança.
Para o especialista, as terapias podem ter ainda mais resultados quando o foco se concentra na causa e não no sintoma em si, já que, quando o cerne da questão é o sintoma, não se está fazendo investigação nem raciocínio clínico.
“Quando focamos na causa, além da saúde do assistido, temos saúde para toda a família, já que avaliamos o sistema que ele habita”, pontua. De acordo com Molina, para que um indivíduo alcance a harmonia, é preciso cuidar de todo o seu sistema, dando às pessoas aquilo que espera receber. Nisso, enquadram-se as práticas de bem-estar, seja no relacionamento, trabalho, núcleo de amizade e na família.
“A busca pelo equilíbrio em todas as esferas é a melhor forma de gerenciar as nossas emoções. Nesta busca, nos libertamos de tristezas, raivas e melancolias, deixando nossa matriz leve, limpa e puramente saudável, completamente desprendida das culpas do passado, aquelas que somatizam e levam às doenças crônicas”, afirma.
Para o especialista, a falta dos bons hábitos e de um estilo de vida saudável tem sido um dos agentes causadores das desordens que acometem as pessoas em seu dia a dia.
“Neste período de pandemia, pudemos refletir sobre nossa vida e o que não gostamos nela, e sobre a necessidade de investir em nossa saúde física e mental para empreender a mudança de que tanto precisamos. A crescente busca pelas terapias integrativas é prova disso, o que deve continuar em uma crescente no pós-pandemia”, conclui.
Para mais informações, basta acessar: http://jefersonmolina.com.br/site/