A complexidade de sintomas, distúrbios e transtornos relacionados à pandemia de Covid-19 se expressa não somente no diagnóstico daqueles que foram infectados pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), como também nas enfermidades surgidas indiretamente, em decorrência, principalmente, da alta carga de estresse gerada pela atual crise sanitária que atinge todo o planeta. Dentre as várias reações do corpo humano a situações de estresse crônico estão o desencadeamento de doenças de pele, como acne, vitiligo, dermatite atópica, psoríase e urticária crônica.
Isto se dá, segundo estudo da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) avalizado pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), pelo fato de a pele possuir receptores para hormônios como o cortisol e a adrenalina, que são liberados em situações estressantes, alterando a composição lipídica e o equilíbrio dos microrganismos da pele - favorecendo as inflamações. Além de desprender grandes quantidades de cortisol e adrenalina no corpo, situações de estresse, segundo pesquisadores da SBD, também permitem o aumento de secreção sebácea, potencializando o surgimento de comedões (os populares cravos) e acnes.
A psoríase, doença autoimune, crônica, sistêmica, não contagiosa e inflamatória, por sua vez, também tem sua incidência potencializada por casos de estresse agudo, segundo a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia). Ademais, a ausência de vitamina D causada pela falta de sol decorrente do isolamento social, de acordo com estudo da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), é mais um gatilho para a maior incidência da doença no atual contexto de pandemia de Covid-19.
Outras pesquisas mais antigas, como a realizada pela Universidade do Colorado, nos EUA, que analisou registros hospitalares e mais de 4 mil pesquisas publicadas entre 1980 e 2013 ao redor do mundo, além disso, já haviam acendido o sinal de alerta sobre a prevalência destas enfermidades - e o impacto delas no bem-estar humano - na sociedade. De acordo com tal estudo, as doenças de pele representam hoje a quarta maior causa de incapacitação no planeta.
Saúde da pele não se limita à estética
É certo que o cultivo de hábitos saudáveis e a priorização pelo consumo de alimentos saudáveis frescos, ainda de acordo com a SBD, são fundamentais para a manutenção da pele saudável. Mas para situações de enfermidades dermatológicas, como estas ocasionadas por situações de estresse, existem uma série de tratamentos, entre eles a ozonioterapia, prática que consiste na administração do ozônio medicinal no organismo, estimulando a regulação e o equilíbrio em diversos sistemas do corpo humano. A terapia foi regulamentada pelo Conselho Federal de Biomedicina em junho de 2020, por meio da Resolução Nº 321, integrando as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde oferecidas pelo SUS.
De acordo com a Dra. Kamila Maldonado, biomédica esteta da clínica QuantumLife, “o ozônio desempenha um papel importante no manejo e prevenção de várias doenças da pele, incluindo doenças infecciosas, doenças alérgicas, doenças escamosas do eritema, cicatrização de feridas e recuperação de úlceras”.
A doutora ressalta que a pele é “a primeira barreira física do nosso corpo com o meio” e, sendo assim, deve merecer um cuidado não meramente estético. “A saúde da nossa pele não pode ser negligenciada”, afirma.
Capacitação e segurança
É prudente ressaltar que apenas profissionais certificados na área podem realizar os procedimentos, bem como determinar a quantidade segura e eficiente de ozônio, além do seu meio de aplicação.
O procedimento, segundo especialistas, tem poucas contraindicações, não sendo, por exemplo, recomendado a pacientes com deficiência relacionada à enzima G6PD, visto que sua ausência ou baixa presença é responsável por causar a destruição em massa das hemácias, células do sangue com função de transportar oxigênio.
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