A cirurgia bariátrica é atualmente um dos procedimentos mais realizados no mundo em matéria de obesidade. O Brasil, por exemplo, está entre os primeiros na procura pelo método, e o motivo vai além da questão estética. Segundo dados do IBGE, seis em cada dez brasileiros estão acima do peso ou são obesos.
Em vista disso, uma das técnicas mais novas tem se destacado, não só pelos resultados na balança, mas também pelo controle de doenças relacionadas à obesidade. O Sleeve Gástrico, também conhecido como Gastrectomia Vertical ou Manga Gástrica, é um procedimento restritivo e metabólico, feito por via laparoscópica e que já é favorito em alguns países.
Segundo o cirurgião Carlos Eduardo Pizani, a técnica consiste na remoção de mais de 70% do estômago original e na construção de um novo reservatório em forma de um tubo ou manga. O novo estômago passa a ter uma capacidade de cerca de 150 ml, o que garante uma restrição à ingestão alimentar. Além disso, a técnica também atua na redução da grelina, conhecido como “hormônio da fome”.
“As principais vantagens do Sleeve são o controle das comorbidades, como pressão alta, diabetes, dislipidemia, e também a perda de peso, que é considerada adequada quando elimina mais de 50% do excesso de peso inicial. Também é uma cirurgia de menor complexidade e de recuperação mais rápida”, explica o médico-cirurgião, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
Indicação
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), para ser um candidato à cirurgia de redução de estômago é preciso ter um IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 35 kg/m2 associado a outras doença (pressão alta, diabetes entre outras) ou IMC a partir de 40 kg/m2, com ou sem comorbidade. Além disso, é importante que o indivíduo tenha, pelo menos, uma tentativa sem sucesso de perda de peso em um período de mais de dois anos.
Depois desses critérios, o próximo passo é definir a técnica cirúrgica mais adequada para o perfil do paciente. "Pacientes com pólipos intestinais, doenças inflamatórias intestinais, hérnias abdominais ou superobesos tendem a se beneficiar mais com a técnica do Sleeve. Para pessoas com IMC acima de 60, uma cirurgia de derivação intestinal, como o Bypass, pode representar um alto risco cirúrgico”, explica o cirurgião bariátrico José Afonso Sallet.
Contudo, assim como existem as indicações, também existem as contraindicações do método. Segundo o médico, pacientes com doença do refluxo importante, com azia, queimação ou esofagite erosiva, não devem ser submetidos ao Sleeve, pois é uma cirurgia que altera a anatomia do estômago e que, portanto, pode piorar o quadro do refluxo.
Estudos
Apesar de apresentar resultados inferiores na redução de peso e controle da diabetes em relação ao Bypass, a Gastrectomia Vertical também possui suas vantagens.
Um estudo publicado na International Journal of Health Management, que analisou mais de 19 artigos sobre o tema, concluiu que o Sleeve proporcionou mais segurança nos 30 primeiros dias de pós-operatório, além de apresentar manutenção nos níveis de ferro e zinco, comparado ao Bypass Gástrico.
Sobre esse fenômeno, os especialistas têm uma explicação. “No Sleeve, o intestino e o trânsito dos alimentos não são alterados, o que permite a absorção normal dos nutrientes. No entanto, não é verdade que o procedimento dispense a reposição multivitamínica. Principalmente no primeiro ano, há perda de peso e alterações metabólicas e nutricionais significativas e que exigem esse cuidado importante”, alerta o médico diretor do Instituto de Medicina Sallet.