Os novos ritos e protocolos são largamente conhecidos desde o início de 2020. As novas rotinas vão desde de álcool em gel e desinfetantes para as mãos em restaurantes até restrições de acesso, limitação de lotação e aplicativos de rastreamento de contatos. O fato é que a Covid-19 transformou o modo com de interação no mundo e consequentemente a forma como as viagens são feitas. Com diversos países bloqueando a entrada de estrangeiros e com voos cancelados, as viagens internacionais estagnaram. Houve um momento, no auge da pandemia, em que o órgão do Turismo ligado à Organização das Nações Unidades declarou que 100% dos destinos globais haviam implementado restrições a viagens.
Na atualidade, a vacinação em massa praticada por muitos países dá sinais positivos ao setor de turismo - que correspondeu em 2019 por 10,4% do PIB mundial de acordo com os dados do relatório da World Travel & Tourism Council (WTTC). Com a continuidade das imunizações a expectativa é de que, nos próximos meses, os altos picos de infecção pela Covid-19 não mais existam e o mundo caminhe para um novo normal. Os viajantes que, por meses refreados, permaneceram em tratativas virtuais, confinados em suas casas, sinalizam o interesse e necessidade de lidar com reuniões corporativas presenciais, além de voltarem às viagens de lazer e de estudos. No entanto, existe ainda muito receio pela evidente persistência do vírus.
Esse temor está moldando a maneira como os viajantes tratam e lidarão com suas viagens doravante. De acordo com dados disponíveis na plataforma Google Trends, o número de viajantes pesquisando nas últimas semanas por “Seguro Viagem Covid” é três vezes maior do que no mesmo período no ano passado.
O receio de uma infecção decorrente de uma prolongada viagem está gerando também um novo perfil de viajante: aquele que tem optado por viagens reduzidas, regionais, domésticas ou de curta distância. Exemplo disso é a companhia aérea Gol, que mediu a demanda por passageiros por quilômetros pagos transportados (chamado de RPK, na sigla em inglês) e observou crescimento de 282% em junho de 2021, em relação ao mesmo período de 2020. A taxa de ocupação avançou 4,7 pontos percentuais em relação a junho de 2020, alcançando os 83,9%. De acordo com a Companhia, o número de passageiros transportados no mercado doméstico saltou para 1,2 milhão. Já as decolagens domésticas somaram 8.246 em junho, avanço de 216,2% no comparativo anual. A companhia não realizou voos internacionais no último mês.
Em divulgação de recente pesquisa feita pela Ipsos, a pedido da Europ Assistance, entre 11.000 indivíduos, observou-se que antes da epidemia de Covid-19, apenas 48% dos viajantes pesquisados indicaram que estavam cobertos por um seguro viagem. No entanto, agora 54% dos viajantes globais indicaram que comprariam um plano de seguro de viagem para suas viagens futuras.
De acordo com Ricardo Mendonça, diretor geral da Next Seguro Viagem, empresa paulistana especializada na venda de seguro viagem com cobertura para Covid-19, “A pandemia do novo coronavírus trouxe sérios desafios e expôs fragilidades que necessitavam ser corrigidas no segmento de viagens e turismo”. Mendonça afirma que “hoje é notória a estabilização e ascensão das operações ligadas às viagens domésticas, bem como o crescimento na demanda por intercâmbios e outras modalidades de viagens” e completa “embora movimentos de ascensão estejam presentes em alguns mercados e segmentos do turismo, é importante perceber que os viajantes atuais possuem um enorme receio da contaminação.”