Imperceptível no início, na maioria dos casos, o glaucoma é a principal causa no mundo de cegueira irreversível. Essa grave doença dos olhos é resultante do aumento da pressão intraocular, que destrói aos poucos o nervo óptico, mas pode ser detectada e diagnosticada antes que aconteça a perda de visão em algum grau, e controlada com uso diário de colírios, laser ou cirurgia, se necessária. Quanto mais precoce o diagnóstico, mais eficaz é o seu tratamento. Com o objetivo de conscientizar a população para esse sério problema de saúde ocular, anualmente é realizada a campanha Maio Verde, sendo o dia 26 deste mês o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma.
A elevação da pressão intraocular, de forma aguda ou crônica, danifica o nervo óptico, a estrutura no fundo do olho formada por fibras da retina (órgão que transforma o estímulo luminoso em nervoso para formar as imagens no cérebro). Ela é regulada pelo balanço entre a produção e o escoamento do humor aquoso (fluido incolor que tem a função de nutrir a córnea e o cristalino) presente na câmara anterior do olho, entre a córnea (membrana fina e transparente que recobre o olho) e a íris (a área colorida). Quando há dificuldade no escoamento desse líquido pelo estreito canal, a pressão intraocular sobe.
"O glaucoma é controlado a partir do diagnóstico precoce", diz a oftalmologista Mara Fontes, especialista em glaucoma da clínica EyeCenter Oftalmologia (do Grupo Opty). Segundo a médica, "precisa haver perda entre 40 a 50% das células ganglionares da retina para haver alteração no campo visual. Por isso, é necessário que todos façam exames oftalmológicos periódicos para avaliar a pressão intraocular, do nervo óptico, das células ganglionares e do campo visual para verificar a saúde ocular", ressalta a médica.
Mesmo pessoas com pressão intraocular dentro do parâmetro considerado normal (até 20 mmHg) em uma primeira medição, devem fazer a consulta de rotina anual ao oftalmologista, inclusive em um cenário de pandemia da Covid-19. Idade acima de 40 anos, história familiar de glaucoma, um valor de pressão intraocular constantemente próximo ao limite, alta miopia e córnea fina, além de diabetes não tratada, uso crônico de medicamento corticoide, estresse permanente e estilo de vida inadequado (má alimentação e sedentarismo) são fatores de risco para o glaucoma.
A falta de informação da população sobre o assunto é uma razão que favorece o diagnóstico tardio do glaucoma, que deve afetar 111,8 milhões de pessoas em 2040, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que 900 mil sofram da doença. A pesquisa "Um olhar para o glaucoma no Brasil", divulgada pelo Ibope Inteligência, mostra que quatro em cada dez brasileiros não sabem o que é glaucoma. Entre os jovens (18 a 24 anos), 53% desconhecem esse problema de visão, e o índice alcança 71% entre adultos com mais de 55 anos.
E, de acordo o documento "As Condições da Saúde Ocular no Brasil", publicado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO, 2019), a prevalência da cegueira - de diferentes formas - na população brasileira (208.494.900, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE) é estimada em 1.577.016 (somando crianças, adolescentes e adultos), sendo 859.416 nas classes B e C, 543.600 na faixa mais pobre e o menor índice, 174.000, no grupo rico. Contudo, a maioria dos casos poderiam ter sido evitados com a prevenção no pré-natal, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado com oftalmologista.
Assim sendo, o zelo com a visão precisa ser mantido em todas as faixas etárias. Atualmente, sair de casa, vale lembrar, é sempre um risco para o contágio pelo Sars-CoV-2. Porém, o perigo de ir ao consultório do oftalmologista é muito menor que, por exemplo, fazer compras em um supermercado. As clínicas e hospitais do Grupo Opty são ambientes controlados e seguros. Portanto, mantenha em dia seus exames de vista.