Recentemente, a SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) emitiu um alerta para o fato de que pacientes que sofrem de obesidade apresentaram considerável agravamento de seus quadros de saúde no último ano. A razão foi a suspensão das cirurgias eletivas em todo o país por determinação do Ministério da Saúde durante o período mais crítico da pandemia. Impedidos de operar ou mesmo de realizar consultas por teleatendimento nos primeiros meses de pandemia, muitos pacientes adiaram ou até abandonaram seus tratamentos.
As cirurgias eletivas foram retomadas no segundo semestre de 2021, mas a realização dos procedimentos bariátricos na rede pública de saúde está ocorrendo de forma lenta: no ano passado, o número de bariátricas realizadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) despencou 81,7%. Em muitos estados, os procedimentos ainda não foram retomados.
Na região Sudeste, foram realizadas 1.210 cirurgias bariátricas pelo SUS no último ano - considerando a soma dos procedimentos realizados no Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Neste último, a fila para realização de cirurgias em 16 cidades no mês de fevereiro era de 6.047 pessoas, conforme apurado pela SBCBM.
Na visão do cirurgião e médico-diretor do Instituto de Medicina Sallet, Dr. José Afonso Sallet, a crise sanitária causou um forte impacto na realização de cirurgias bariátricas no país. “As cirurgias bariátricas foram restringidas em todo o país devido à pandemia, com uma queda de mais de 80% no número de procedimentos realizados no último ano. Com isso, formou-se um enorme passivo que levará muitos meses para ser reduzido”, pondera.
Segundo o Dr. Sallet, também é possível constatar uma piora no quadro de pacientes com indicação cirúrgica decorrente da então crise sanitária. “A longa espera pela cirurgia agravou quadros de pacientes hipertensos, diabéticos e compulsivos. São doenças diretamente associadas à obesidade e, sem remissão, aumentam consideravelmente os riscos de acidentes vasculares, perda de visão e até amputações”, explica.
A falta de acompanhamento adequado dos pacientes, aliada às medidas de isolamento e restrição de circulação, agravou quadros de transtornos psicológicos, dentre estes, compulsão alimentar, ansiedade ou depressão.
O cirurgião destaca que a cirurgia bariátrica não pode ser vista como um procedimento eletivo, mas como um tratamento essencial que devolve a saúde e a qualidade de vida para as pessoas. “A bariátrica proporciona melhora substancial em quadros de hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e doenças do coração, além de oferecer melhora na autoestima, socialização e quadros depressivos”, complementa.
Obesidade aumentou na pandemia
O índice de obesidade em 2021 ficou em 22,35% no Brasil, ao passo que, em 2020, a taxa era de 21,55%, conforme dados da pesquisa “Vigitel 2021”, realizada pelo Ministério da Saúde e publicada pela Agência Brasil. O levantamento mapeia informações de saúde a partir do contato telefônico com pessoas de capitais de todos os estados do país.
Os indicativos apontam para o aumento no número de obesos durante a pandemia de Covid-19. Em 2019, o percentual de indivíduos obesos entre os entrevistados era de 20,27%. A condição de obesidade em 2021 foi maior entre mulheres (22,6%) do que em homens (22%). O balanço também mostra que a doença afetou indivíduos nas faixas de 35 a 44 anos (25,5%), 45 a 54 anos (26,24%) e de 55 a 64 anos (26,22%).
A obesidade é considerada uma doença crônica pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Pela definição do órgão, a obesidade consiste no excesso de gordura corporal, em quantidade que determine prejuízos à saúde. Para a agência especializada em saúde, um indivíduo é considerado obeso quando seu IMC é maior ou igual a 30 kg/m2 e a faixa de peso normal varia entre 18,5 e 24,9 kg/m2.
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