Com a pandemia do novo coronavírus, alunos e professores tiveram que se adaptaram ao ensino a distância, ao novo formato de aprendizagem.
Segundo matéria veiculada no UOL em maio de 2020, as aulas online têm sido um desafio para pais, alunos e professores. Alunos da rede público, por exemplo, na sua grande maioria, não contam com acesso à internet e tão pouco com recursos para as aulas a distância. A maioria não possui computador, tablet ou celular para realizar as aulas.
Professores e alunos enfrentaram muitas dificuldades e ainda enfrentam, sem contar o desgaste psicológico, trazendo grandes desafios para os docentes.
Jane Garcia, pedagoga e especialista em primeira infância conta que, esse período tem sido de grandes desafios para todos. Professores que não estavam acostumados com este formato de aula, pais que precisaram fazer o papel do professor dentro de casa e principalmente das crianças, que pela pouca idade, se expõe por um longo período em frente as telas, que segundo a pedagoga, o uso excessivo prejudica muito o desenvolvimento da criança como um todo.
Segundo Jane, a criança precisa se socializar, estar em contato com outras crianças, vivenciar o lúdico, a experimentação, ter o contato físico, o que é extremamente impossível através de uma tela. Para a criança, na sua primeira infância, do zero aos seis anos de idade, o mais importante para o seu desenvolvimento não pode se limitar a uma aula a distância, a criança nessa idade tem pouca assimilação para esse formato de conteúdo e de aprendizagem. Desde o nascimento, todas as suas experiências de aprendizagem são sensoriais, motoras, ligadas a situações do seu dia a dia, das descobertas, completou a pedagoga.
Outro agravante que Jane vem acompanhando desde o início da pandemia é o quanto o isolamento vem afetando o psicológico dessas crianças, que precisaram alterar suas rotinas para um formato totalmente arbitrário para a sua boa educação e desenvolvimento, ficarem isoladas em suas casas, sem socialização e a dificuldade para adaptarem as aulas a distância. Jane relatou que muitas crianças não conseguem acompanhar a aula online, além de ser exaustivo, outro obstáculo é a falta de concentração à tela, justamente porque é um formato de aprendizagem difícil de ser ajustado principalmente para as crianças que estão nos anos iniciais.
"A criança, o que é considerado comum, não fica muito tempo concentrada em uma coisa só, se o que está lhe sendo ofertado não for algo que lhe atraia, ficará menos ainda. Para haver essa concentração, a criança necessita se sentir parte do contexto, não apenas coadjuvante, como isso pode ser possível através de uma tela onde o professor não tem o contato físico e ainda precisa dar atenção a todos que estão na videoaula? Muitos pais estão em trabalho remoto e não conseguem participar efetivamente do processo, outro ponto que prejudica, já que a criança precisa ser guiada, ela precisa ser orientada, ser estimulada, ter alguém por perto. Tenho visto muitas crianças que estão, inclusive, regredindo em suas conquistas, se a educação em nosso país já era algo que precisava ser reavaliado, temo pelo grande desafio após a pandemia para nossas crianças", concluiu a especialista.