A participação feminina no mercado de trabalho no Brasil está 20% abaixo da masculina. A informação é de um estudo do FGV-Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), que mostra que 51,56% das mulheres estavam empregadas em 2021, enquanto, para os os homens, a taxa ficou em torno de 71,64% - uma diferença de 20%.
A pesquisa também mostra que o percentual de mulheres à procura de emprego no país foi de 16,4% no período analisado, o que corresponde a 7,5 milhões, em um ano em que o índice médio anual de desemprego foi de 13,2%. Daniela Menezes, advogada e palestrante, chama a atenção para o fato de que o índice de inserção das profissionais no mercado de trabalho está em 51,5%, conforme o estudo da FGV.
“Se a situação não está fácil para conquistar uma ‘simples’ colocação no mercado, para galgar uma posição de destaque também configura um desafio, já que a presença feminina em vagas de liderança no país sofreu uma baixa de 39% para 38%”, afirma, em referência a um balanço conduzido pela Grant Thornton, rede de contabilidade norte-americana.
O número pode ser inexpressivo, prossegue, mas evidencia a dificuldade para preencher os maiores postos quando comparado com o ano de 2019, pré-pandemia, quando o percentual de mulheres em cargos de gestão correspondiam a 25%. “Analisando a situação sob esse prisma, fica claro que a crise sanitária também foi um complicador para as profissionais brasileiras”, articula.
Corporações devem investir em equidade de oportunidades
Para Daniela, os indicativos demonstram que as brasileiras foram as maiores vítimas do desemprego nos últimos dois anos no país, sendo colocadas à margem do mercado e não conseguindo expandir sua participação em cargos de liderança. “Para mudar esta realidade, é importante que as empresas estimulem a consciência de ter um olhar mais igualitário e de respeito à voz feminina nas corporações”.
O empoderamento feminino pode ser definido de várias maneiras, incluindo aceitar os pontos de vista das mulheres ou fazer um esforço para buscá-los, através de cursos, treinamentos ou profissionalização, afirma. “Entretanto, de nada adianta tudo isso, sem ‘respeito’ e ‘inteligência emocional’”.
A coach pessoal explica que o respeito é um elemento indispensável para entender que a consciência igualitária entre os sexos está em evolução cultural, e que a mesma não deve ser imposta. Já a inteligência emocional, por sua vez, é necessária para compreender este processo atual e, ainda assim, ter resiliência ativa, com aperfeiçoamento pessoal e profissional.
“As empresas que estão atentas às mudanças culturais e comportamentais já perceberam que ao focar em profissionais capacitados e especializados, independentemente se homem ou mulher, se colocam à frente de seus concorrentes no mercado corporativo”, diz. “No final das contas, promover igualdade no ambiente de trabalho é bom para todos. Os empregados trabalham mais felizes, realizados e comprometidos, o que aumenta a produtividade e melhora o clima laboral”.
A afirmação de Daniela é corroborada por números: profissionais satisfeitos são até 31% mais produtivos, três vezes mais criativos e vendem 37% a mais em relação aos colegas infelizes, conforme um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Por outro lado, empregados desmotivados podem ser 125% menos produtivos do que colegas engajados e inspirados, segundo uma pesquisa da consultoria de gestão Bain & Company.
“As empresas brasileiras precisam investir na valorização de seus colaboradores, rompendo com o ciclo de preconceito de gênero, focando na valorização das mulheres, historicamente desvalorizadas. Este é um caminho que pode contribuir para negócios mais fortes e, para além disso, para a transformação social de que o Brasil tanto precisa”, finaliza.
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