Fumar inalando apenas vapor, livre da fumaça produzida pela queima de tabaco do cigarro tradicional. Essa promessa dos cigarros eletrônicos, também chamados de vaporizadores ou e-cigarette, pode parecer atraente, mas esconde riscos à saúde semelhantes aos de outros objetos fumígenos. Além de poderem causar danos aos pulmões e ao coração, o vapor desses aparelhos prejudica a saúde bucal.
O cigarro eletrônico se popularizou como uma alternativa para fumantes que desejavam reduzir os danos à saúde causados pelo tabagismo. Devido ao fato de utilizar uma bateria que aquece um líquido contendo nicotina, o dispositivo dispensa a combustão de tabaco, que produz milhares de substâncias nocivas para o organismo.
Contudo, é crescente entre médicos e pesquisadores a percepção de que o vapor produzido pelo e-cigarette também contém milhares de substâncias que podem provocar doenças. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), os dispositivos eletrônicos para fumar não são seguros e podem causar doenças respiratórias, como o enfisema pulmonar, doenças cardiovasculares, dermatite e câncer.
Um outro alerta que vem sendo feito é sobre os prejuízos à saúde bucal. "O cigarro eletrônico possui produtos químicos muito nocivos à nossa microbiota bucal, interrompendo o equilíbrio das bactérias e causando diversos tipos de doenças bucais", afirma Augusto Lima Miranda, ortodontista da Rede Odonto.
Segundo o especialista, o uso do cigarro eletrônico pode levar a problemas como mau hálito, retração gengival, escurecimento da gengiva e dos dentes, bruxismo, doenças periodontais e câncer.
A afirmação de Miranda encontra respaldo em estudos realizados por pesquisadores da Faculdade de Odontologia da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos. O mais recente deles, publicado na revista mBio, apontou justamente que usuários de cigarros eletrônicos têm um microbioma oral menos saudável do que o dos não fumantes - a pesquisa também indicou como se deu o agravamento da doença gengival ao longo do tempo.
Apelo aos jovens
Um grande problema relacionado a esse tipo de aparelho está no apelo que ele possui para o público jovem. Nos EUA, a FDA (Food and Drug Administration), agência responsável pelo controle de remédios e alimentos, afirma que o uso de cigarros eletrônicos por jovens tornou-se um problema de saúde pública.
A atratividade que o e-cigarette provoca pode estar associada ao caráter tecnológico do dispositivo e por ser possível adicionar a ele aromatizantes. Segundo o INCA, a adição de substâncias aumenta os níveis de toxicidade do aparelho, tornando-o tão prejudicial quanto o cigarro tradicional.
"Os cigarros eletrônicos vêm ganhando mais popularidade entre fumantes, não fumantes e jovens no Brasil. Por conter aromatizantes, atraem diversos tipos de público", explica Miranda. O fato de ser utilizado por não fumantes e jovens preocupa as autoridades, já que houve no Brasil uma redução significativa no uso de tabaco, que passou de uma prevalência na população de 15,7% em 2006 para 10,1% em 2017.
"Cabe salientar que grande parte da população brasileira já possui algum tipo de problema de saúde bucal que pode ser agravado com o uso do cigarro eletrônico, podendo causar complicações bem maiores", completa o especialista.
Tratamento para a saúde bucal
Quem precisa tratar danos causados pelo fumo à saúde bucal deve procurar clínicas e profissionais especializados. "O tratamento mais comum, caso o indivíduo não pare de usar o cigarro eletrônico, é a visita regular a cada quatro meses ao dentista", diz Miranda.
De acordo com o especialista, é necessário realizar procedimentos que permitam manter a saúde dos ossos da boca, da gengiva e dos dentes. "O tratamento odontológico permite restabelecer o microbioma bucal e a função mastigatória mais adequada", diz ele.
Para saber mais, basta acessar o site: www.redeodonto.com.br