Com as mudanças ocorridas de forma acelerada na maneira com a qual se estabelecem os vínculos e as relações sociais, bem como a forma de transmitir e absorver conhecimento e das engrenagens do mercado de trabalho, é natural que nas últimas décadas tenha avançado o debate sobre novas metodologias de ensino, mais propícias aos novos tempos. Neste sentido, ganhou força a chamada ABP (Aprendizagem Baseada em Problemas), mais conhecida por sua sigla em inglês, PBL (Problem-Based Learning).
O método surgiu na década de 1960, na Faculdade de Medicina de McMaster, em Toronto, no Canadá, sendo considerada uma “metodologia ativa”, que promove o engajamento e a participação ativa dos estudantes para que ocorra o aprendizado. Com o passar do tempo, a metodologia foi adaptada para outras áreas e levada para o Ensino Médio, promovendo a realização, em sala de aula, de atividades guiadas, com o objetivo de preparar os alunos para resolverem questões do mundo real, com vistas a melhor inserção deles no mercado de trabalho.
Enquanto no método tradicional de ensino, adotado e repetido por docentes em todo mundo há décadas, o professor transmite o conteúdo para que o aluno o memorize e então realize “problemas” para fixar o conteúdo, no PBL, o processo se inverte. Nele, o docente oferece um problema real para que o estudante identifique o que precisa saber e, então, aplica o conteúdo com base na resolução do problema.
Para Thiago Reis, diretor-executivo da Centric Learning, instituição de ensino que atua no Brasil com o nome de WAY American School e utiliza o PBL em sua grade curricular, “esta metodologia coloca os alunos no centro do seu próprio processo educacional, tornando-os protagonistas ao desenvolverem projetos que eles ajudam a escolher e a moldar, trabalhando problemas reais e relevantes para eles e para suas comunidades”.
O método se estrutura em três grandes eixos, o entendimento do problema, que surge através da interação dos alunos; o conflito cognitivo, que ocorre naturalmente durante o processo, estimulando a aprendizagem; e a resolução do problema, que, por meio do reconhecimento e aceitação da interpretação de vários atores sobre o mesmo fenômeno, promove o conhecimento.
Estes três eixos, porém, são desmembrados em outros menores, mais detalhados. De acordo com Reis, o processo se desenrola em sete etapas, com alguns conceitos próprios vinculados a cada uma delas:
Primeira etapa: o professor apresenta um “Problema” ou uma “Questão Desafiadora” aos alunos. “Aqui, os estudantes, de forma coletiva, reúnem informações necessárias para trabalhar aquele projeto, entendendo as habilidades que serão necessárias para a atividade”.
Segunda etapa: com “Espírito de Exploração”, os estudantes buscam entender o que já sabem sobre aquele assunto e onde carecem de alguma informação. “Trata-se de uma etapa ainda preliminar, onde os alunos buscam aprender novos conceitos e pesquisar o tema mais a fundo”.
Terceira etapa: atuando em conjunto, professor e alunos irão buscar informações, de modo a trabalhar o projeto com “Inovação e Originalidade”. Para Reis, as soluções devem ser “autênticas” e ter “ressonância com suas realidades”.
Quarta etapa: cada projeto no PBL busca promover a “Voz e Escolha do Aluno”. “Ao apresentar e discutir o projeto com a turma, o professor pode ouvir o que os estudantes têm a dizer sobre o projeto e assim adaptá-lo, se necessário, aos interesses e vontades dos alunos, fazendo com que a aula e os projetos sejam de fato interessantes para a turma.”
Quinta etapa: durante e após o projeto, os participantes farão uma “Reflexão” sobre como foi o seu desenvolvimento e o aprendizado. “Refletir sobre o conteúdo é etapa essencial do ensino”.
Sexta etapa: após a reflexão, há a “Crítica e Revisão”. “Nesta etapa, alunos e professores compartilham suas reflexões a fim de melhorar os projetos concluídos e os que ainda serão feitos, garantindo que eles estarão de acordo com as necessidades dos alunos.”
Sétima etapa: o último passo é a “Apresentação do Projeto para o Público”, considerado por Reis como uma das etapas mais importantes do PBL. “Como os projetos buscam sempre ser inspirados em situações e problemas reais, de preferência relacionados à própria comunidade em que os alunos estão inseridos, a apresentação pública do que os alunos desenvolvem faz com que os resultados sejam ainda mais reais e positivos, pois podem impactar diretamente os grupos sociais em que eles estão inseridos”.
Para saber mais, basta acessar: www.centriclearning.net