23/11/2021 às 17h10min - Atualizada em 25/11/2021 às 05h20min

Agenciamento artístico vive retomada, diz especialista

Os investimentos brutos em publicidade encolheram 9,7% em 2020; para especialista, o segmento retoma com tendência para o perfil de modelos de pessoas comuns

DINO
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A publicidade não saiu imune à pandemia de Covid-19. Segundo o estudo "O valor da publicidade no Brasil", do Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão), o mercado de publicidade movimentou R$ 49 bilhões em 2020, com um impacto de R$ 418,8 bilhões para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Ainda segundo o balanço, os investimentos brutos no setor encolheram 9,7% em 2020 em relação ao ano anterior, quando o capital investido chegou a R$ 54,3 bilhões.

O relatório foi produzido pela consultoria Deloitte, com base em dados da Kantar Ibope Media, do Cenp-Meios, e em entrevistas com executivos de agências de publicidade, veículos de comunicação, anunciantes, consultorias de marketing, institutos de pesquisa e entidades do segmento.

Na visão de Guilherme Schneider, CEO da Forum Model Management - empresa que atua com agenciamento, capacitação e desenvolvimento artístico -, passada a fase mais crítica da pandemia, o segmento vive uma retomada.

“A crise sanitária impactou o setor de modelos publicitários, com a maior dificuldade de recrutamento e de realização de jobs. Por um lado, a pandemia criou uma grande demanda por conta do crescimento do mercado digital, que exige mais material para se manter atualizado. Ainda assim, devido ao confinamento, muitas produções foram paralisadas, retomando há poucas semanas. Para os próximos meses, prevemos essa compensação, além do aumento natural da demanda de publicidade”, afirma.

Schneider chama a atenção para o fato de que, nesta retomada, a publicidade com rostos de “pessoas comuns” será uma tendência. “Em todo o mundo, 80% dos consumidores esperam que as empresas trabalhem para demonstrar uma representatividade genuína em suas publicidades”, afirma o especialista, citando dados de uma pesquisa elaborada pela plataforma de insights criativos Visual GPS, da Getty Images.

O estudo, realizado em parceria com a YouGov, empresa global de pesquisa de mercado, entrevistou 5 mil pessoas de 26 países e em 13 idiomas.

Para especialista, pessoas comuns são “a cara" da publicidade

De acordo com o CEO da Forum Model Management, atendendo às expectativas do próprio consumidor - que espera se ver representado nas passarelas e nas telas -, o agenciamento artístico de modelos deve contar, a cada dia mais, com a presença de pessoas comuns.

A análise do especialista é corroborada com indicativos de um estudo da McKinsey & Company, empresa de consultoria empresarial americana. Segundo a pesquisa, marcas que possuem uma representação étnica e diversificada têm 33% mais chances de alcançar uma performance financeira superior, quando comparadas a outras empresas.

Schneider explica que, para uma agência de modelos, tudo começa com a busca de talentos nas ruas, parques, eventos e lugares com grande movimentação de pessoas, por meio dos chamados “caça-talentos”, também conhecidos como olheiros ou scouter.

“Os agentes fazem uma primeira análise estética dos modelos, em seguida já marcam uma reunião com a direção de casting, profissional que busca entender qual o perfil do talento e fazer um planejamento de capacitação e desenvolvimento de carreira. A partir daí, a equipe das agências começa a divulgar a imagem do agenciado para seus clientes, momento em que surgem os testes”, explica.

Para o CEO, a vacinação em massa e a reabertura da economia tem permitido o reaquecimento das atividades. “Com a reabertura dos locais com cem por cento de sua capacidade, os eventos, feiras e congressos que movimentam os modelos comerciais de vários perfis começam a retomar e contratar”.

O especialista destaca que os desfiles voltaram em outubro e muitas marcas já pretendem recuperar o tempo perdido apresentando novas coleções, cada vez maiores. “Com isso, as perspectivas do setor para o futuro pós-pandemia são animadoras”, finaliza.

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