Instituído em 1992 pela Federação Mundial de Saúde Mental, o Dia Mundial da Saúde Mental - celebrado em 10 de outubro - tem como objetivo estimular importantes reflexões sobre esses distúrbios, que incluem depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia e outras psicoses, demência, deficiência intelectual e transtornos de desenvolvimento, inclusive o autismo. Segundo a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) , os determinantes de saúde mental e transtornos mentais incluem atributos individuais, como a capacidade de administrar pensamentos, emoções, comportamentos e interações, e fatores sociais, culturais, econômicos, políticos e ambientais. Estresse, genética, nutrição, infecções perinatais e exposição a perigos ambientais também podem contribuir para esses transtornos.
A depressão é um dos mais comuns e uma das principais causas de incapacidade no mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, globalmente, cerca de 300 milhões de pessoas são afetadas por essa condição, com as mulheres liderando as estatísticas. No Brasil, a depressão atinge aproximadamente 11 milhões de indivíduos - o maior índice da América Latina. Entre os idosos, as estimativas indicam que 9,2% dessa população conviva com a doença.
Inúmeros estudos desenvolvidos nos últimos 20 anos, publicados em plataformas científicas internacionais como a US National Library of Medicine National Institutes of Health , têm sugerido que a saúde mental também pode estar relacionada ao eixo microbiota-cérebro-intestino. Desde que o pesquisador norte-americano Michael D. Gershon lançou o livro The Second Brain (O Segundo Cérebro), em 1999, mostrando que as células nervosas do intestino agiam como um verdadeiro cérebro, a comunidade científica mundial se dedica a decifrar quais mecanismos estão envolvidos com essa conexão.
Essas pesquisas, disponíveis em plataformas como PubMed , ScienceDirect , Google Scholar e Scielo já conseguiram demonstrar que o intestino saudável impulsiona o bem-estar e pode ser um fator fundamental para evitar transtornos psicológicos, neurológicos e de desenvolvimento. Boa parte dos resultados desses estudos sugere que as bactérias intestinais podem ser o gatilho para o desenvolvimento dos transtornos mentais por influenciar o sistema nervoso central, o desenvolvimento de células nervosas e a formação dos circuitos de estresse. Além disso, os estudos indicam que a ingestão de probióticos pode melhorar a microbiota intestinal e, consequentemente, diminuir os sintomas ligados a esses transtornos.
Entre os exemplos estão os resultados do estudo ‘Effects of Daily Probiotics Supplementation on Anxiety Induced Physiological Parameters among Competitive Football Players’, publicado em 2020 por cientistas de Malásia, Sri Lanka e Reino Unido. O ensaio foi conduzido com 20 jogadores de futebol do sexo masculino que receberam o probiótico Lactobacillus casei Shirota ou placebo durante oito semanas. Os resultados sugerem que a suplementação diária de probióticos pode ter o potencial de modular as ondas cerebrais, como teta (relaxamento) e delta (atenção), para melhorar treinamento, função cerebral e aspectos psicológicos para os exercícios.
Publicado em 2021, o estudo ‘Effects of Probiotics on Anxiety, Stress, Mood and Fitness of Badminton Players’ determinou os efeitos do consumo diário do probiótico Lactobacillus casei Shirota na ansiedade competitiva, no estresse e no humor de 30 jogadores de badminton universitário, com idades de 19 a 22 anos. Após seis semanas de consumo, os níveis de ansiedade e estresse dos jogadores que consumiram o probiótico diminuíram significativamente. A suplementação também melhorou a capacidade aeróbia.
Em outro estudo deste ano, cientistas do National Centre of Neurology and Psychiatry e Teikyo University School of Medicine do Japão, em conjunto com o Instituto Central Yakult, investigaram a possível eficácia do probiótico Lactobacillus casei Shirota no alívio dos sintomas depressivos. Um estudo conduzido com 18 pacientes com transtorno depressivo ou transtorno bipolar avaliou mudanças nos sintomas psiquiátricos, na microbiota intestinal e nos marcadores biológicos de permeabilidade intestinal e inflamação, em um período de 12 semanas. Os resultados indicaram que o probiótico era benéfico para aliviar os sintomas depressivos.
Com base nesses e em outros resultados obtidos em inúmeros ensaios clínicos com probióticos relatando efeitos benéficos sobre os sintomas de depressão e marcadores biológicos relacionados, os cientistas acreditam que a ingestão do Lactobacillus casei Shirota é promissora para ajudar no tratamento desses transtornos, embora ainda exista um longo caminho para atingir esse objetivo.