26/08/2021 às 16h49min - Atualizada em 28/08/2021 às 23h20min

Cirurgiões-dentistas atuam no combate ao tabagismo

Fumantes têm sete vezes mais chances de desenvolver câncer de boca ou garganta

DINO
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O Dia Nacional de Combate ao Fumo, 29 de agosto, foi criado para conscientizar a população sobre os riscos que o hábito do tabagismo provoca. Além dos danos à saúde, o cigarro e similares também trazem impactos sociais, políticos, econômicos e ambientais, o que torna essencial a participação de toda a sociedade nessa luta.

O indivíduo tabagista pode sofrer com problemas bucais como doenças periodontais (gengivite, perda dos dentes e halitose), além de ter sete vezes mais chance de desenvolver câncer de boca ou garganta. A combinação de tabaco e álcool potencializa o risco, aumentando para 38 vezes as chances de câncer de cabeça e pescoço.

Quem utiliza outros produtos derivados do tabaco, como charutos, cachimbos, narguilé, cigarros eletrônicos e outros dispositivos, também tem risco maior de desenvolver câncer de boca e de faringe.

O profissional de Odontologia tem uma função importante nessa desafiadora abordagem ao tabagista, como destaca a Dra. Sandra Marques, coordenadora Estadual do Programa Nacional de Controle de Tabagismo de São Paulo pelo Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD).

“O cirurgião-dentista tem papel fundamental na estratégia de ampliação das ações de enfrentamento ao tabagismo e integralidade do cuidado. Assumir esse protagonismo perante um grave problema de saúde pública nos remete à concepção do papel que exercemos enquanto profissionais de saúde. É necessário realizar a formação de um profissional ético, criativo, crítico, reflexivo e comprometido com o desenvolvimento do contexto social em que está inserido. Além disso, se faz pertinente aprofundar os conhecimentos e aperfeiçoar a competência teórico-prática no âmbito da educação e da prevenção das patologias e promoção da saúde física e a mental”, diz a cirurgiã-dentista.

Uma dúvida frequente entre os profissionais de Odontologia é como deve ser feita a acolhida junto ao paciente nesse momento. A Dra. Sandra esclarece que “a abordagem deve ser técnica, livre de estigmas, e, acima de tudo, humanizada. O tabagismo é uma doença crônica, pandêmica, considerada uma doença pediátrica (iniciação precoce) e um tipo de dependência química. Precisamos desmistificar a dependência química e entendê-la como patologia para tratá-la”.

Tabagismo e seus prejuízos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o tabagismo como a dependência da substância psicoativa nicotina, presente em qualquer derivado do tabaco, seja cigarro, cigarrilha, charuto, cachimbo, cigarro de palha, fumo de rolo ou narguilé. Estima-se que, no mundo, cerca de oito milhões de pessoas morram por conta do consumo de tabaco anualmente. Outro fator de alerta é que o fumo pode ser um elemento de risco para o surgimento de cerca de 50 doenças que são geradas diretamente pelo consumo de tabaco, levando a diminuição da qualidade de vida.

No ano passado, com o desafio da pandemia do novo coronavírus e o agravamento das condições de saúde mental, a OMS lançou a campanha “Comprometa-se a parar de fumar durante a covid-19 para o Dia Mundial sem Tabaco de 2021”, que reforça o alerta sobre as mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo.

“O Brasil é o segundo país no mundo, depois da Turquia, a promover um modelo exitoso de implementação da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco (primeiro tratado internacional de saúde pública, assinado e ratificado por 182 países), um conjunto de medidas que permite o enfrentamento ao tabagismo. Isso possibilitou uma queda significativa na prevalência da doença, mas há muito a ser feito”, destaca a Dra. Sandra.

Logo após a superação da dependência química, o paciente necessitará que o cirurgião-dentista acompanhe sua evolução para o monitoramento do aparecimento de lesões na cavidade oral, assim como para ajudá-lo a estabelecer estratégias de ações preventivas para a manutenção da abstinência do tabagismo. Mesmo assim, se o paciente tiver uma recaída, o profissional poderá encaminhá-lo a um grupo de tabagismo no Sistema Único de Saúde (SUS).

Estima-se que, em média, 443 pessoas morram diariamente no país por causa do tabagismo. Quanto às mortes anuais atribuíveis: 37.686 correspondem à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), 33.179 a doenças cardíacas, 24.443 ao câncer de pulmão, 25.683 a outros cânceres, 18.620 ao tabagismo passivo e outras causas, 12.201 à pneumonia e 10.041 ao Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Os resultados totais de 2020 apontam uma perda anual de R$ 125.148 bilhões de forma direta e indireta por conta do tabagismo. Estão inclusos nesse cenário as despesas com tratamento clínico e produtividade da cadeia econômica. Este valor para efeito de comparação representa 23% do custo que o Brasil teve no combate à pandemia de covid-19, estimado em R$ 524 bilhões de reais. As informações são do site do Instituto Nacional do Câncer (INCA).

 



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