PASCHOALETTO , Alberto C[1]. Introdução:
No cenário complexo da contemporaneidade, a educação emerge como protagonista de um enredo repleto de desafios e promessas. Neste texto, adentramos o terreno fértil das ciências sociais aplicadas, com foco na antropologia cultural, para lançar luz sobre os "Desafios Atuais da Educação na Abordagem Filosófica dos Teóricos em Referência". Nossa jornada é guiada por uma pergunta essencial: Como a disciplina, concebida através das lentes teóricas de Makarenko, dialoga com os ideais estruturalistas de Deleuze e Foucault, e com a teoria da justiça de John Rawls, na busca por compreender e moldar o futuro da educação?
Contexto Contemporâneo e suas Ambiguidades:
O cenário contemporâneo se desenha como um palco de ameaças e oportunidades para a educação. Por um lado, a crescente tecnologização e globalização parecem trazer inúmeras oportunidades para o acesso ao conhecimento. Por outro, a fragmentação da informação, a polarização social e a desigualdade educacional exacerbam os desafios. Neste contexto, a disciplina, vista por alguns como uma ferramenta tradicional, se torna tanto uma âncora quanto um enigma.
O Problema:
O problema que sustenta nosso debate é a questão da disciplina na educação. Como podemos compreender e aplicar a disciplina de maneira eficaz e ética nas escolas do século XXI? Para abordar essa questão, lançamos mão das teorias de quatro importantes pensadores.
Makarenko e a Disciplina Pedagógica:
Makarenko, o pedagogo soviético, enxergava a disciplina como um pilar fundamental da educação, moldando cidadãos responsáveis e colaborativos. Sua visão autoritária, porém, suscita questionamentos sobre a liberdade individual e o papel do educador na formação moral.
Deleuze e Foucault: Desconstruindo Estruturas:
Do outro lado do espectro, encontramos Deleuze e Foucault, que desafiam a noção de disciplina como controle. Para eles, a educação deveria ser uma exploração livre, e as estruturas rígidas restringem o pensamento criativo. A disciplina, segundo essa visão, pode ser opressiva e limitadora.
Rawls e a Justiça Educacional:
Rawls, por sua vez, traz a teoria da justiça para o âmbito educacional. Ele argumenta que a disciplina deve ser moldada de acordo com princípios de equidade, garantindo que todos os estudantes tenham igualdade de oportunidades. No entanto, surgem questionamentos sobre a aplicabilidade prática de seus princípios.
Correntes Filosóficas em Confronto:
À medida que exploramos essas ideias, somos confrontados com uma dança de correntes filosóficas. Makarenko representa uma visão mais autoritária, enquanto Deleuze e Foucault promovem a descentralização do poder. Rawls busca a justiça social através da disciplina. As correntes do autoritarismo, do pós-estruturalismo e do liberalismo se entrelaçam e colidem, proporcionando um terreno fértil para o debate.
Conclusão:
À medida que navegamos pelos desafios atuais da educação, a disciplina emerge como uma variável crucial, cuja interpretação varia conforme a perspectiva filosófica adotada. O equilíbrio entre controle e liberdade, entre estrutura e criatividade, entre justiça e individualidade, permanece elusivo. No entanto, ao abraçar essa complexidade, podemos forjar um caminho educacional mais rico e inclusivo, onde a disciplina não seja uma corrente que aprisiona, mas sim um fio condutor que orienta o crescimento e a transformação. O futuro da educação depende, em última análise, de nossa habilidade de dançar nessa corda bamba filosófica e encontrar o equilíbrio adequado para nutrir as mentes e almas daqueles que moldarão o mundo de amanhã.
Referências:
Makarenko, A. S. (1973).
O Poema Pedagógico. Tradução de José Geraldo Vieira. Editora Paz e Terra.
Deleuze, G., & Guattari, F. (1987).
Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. Tradução de Suely Rolnik. Editora 34.
Foucault, M. (1977).
Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Editora Vozes.
Rawls, J. (1971).
Uma Teoria da Justiça. Tradução de Almiro Pisetta e Lenita M. R. Esteves. Editora Martins Fontes.