18/08/2023 às 09h25min - Atualizada em 18/08/2023 às 09h25min

O Estranho Despertar da Humanidade: Entre a Humanização da Coisa e a Coisificação do Humano

PASCHOALETTO , Alberto C[1].

Introdução:

Em meio ao turbilhão de transformações sociais, tecnológicas e culturais que marcam a contemporaneidade, somos confrontados com um mal-estar que parece permear nossa época. É como se estivéssemos navegando em um mar de incertezas e paradoxos, onde a lógica da inversão de valores ganha força, e os conceitos de humanidade e coisa sofrem uma transmutação perturbadora. Neste ensaio, exploraremos a visão de um filósofo contemporâneo sobre o fenômeno do "mal-estar do contemporâneo" e como humanizamos a Coisa e coisificamos o Humano.
 
A Coisa Humanizada:
 
Ao observar a sociedade contemporânea, percebemos uma crescente tendência à humanização daquilo que não é humano. A tecnologia, por exemplo, tem se tornado uma extensão de nossas próprias vidas, moldando nossos comportamentos e relações. Nosso apego emocional a dispositivos eletrônicos e a busca incessante por conexão virtual nos mostram que humanizamos a Coisa, atribuindo-lhe valores que antes eram exclusivos do ser humano.
Esse processo de humanização da tecnologia oferece inúmeras facilidades e avanços, mas também suscita preocupações relevantes. A dependência excessiva da tecnologia pode afetar nossa capacidade de lidar com a solidão e a reflexão, enfraquecendo as conexões interpessoais mais profundas. A superficialidade das relações virtuais pode nos afastar da empatia e da compreensão mútua, essenciais para o crescimento humano.
 
A Coisificação do Humano:
 
Paradoxalmente, em meio à humanização da Coisa, testemunhamos a coisificação do Humano. A sociedade de consumo tende a reduzir as pessoas a meros objetos, avaliando-as pelo que possuem, aparentam ou consomem. Nesse cenário, valores essenciais como empatia, solidariedade e compaixão parecem enfraquecer, dando lugar a uma cultura do individualismo e da competição desenfreada.
 
A busca incessante por bens materiais e status social está nos conduzindo a uma espécie de alienação, onde o significado de nossa existência é medido pelo que adquirimos e não pelo que somos. Somos incitados a buscar uma perfeição irreal, alimentando a insatisfação constante com nossas vidas e com nós mesmos.
 
O Confronto com a Natureza:
 
Outro ponto crucial é o nosso relacionamento com a natureza. Ao humanizarmos a Coisa, muitas vezes a colocamos acima do meio ambiente, explorando e degradando recursos naturais sem considerar as consequências para as futuras gerações. Nessa inversão de valores, negligenciamos nossa própria essência humana, pois somos parte integrante do ecossistema global.
Essa desconexão com a natureza tem levado a uma série de crises ambientais, como mudanças climáticas, perda de biodiversidade e esgotamento de recursos. Precisamos reconhecer que a nossa sobrevivência como espécie está intrinsecamente ligada ao equilíbrio ecológico e à preservação da natureza.
 
Análise e Discussão teórica:
 
Podemos inferir que as referências do texto nos oferecem uma base sólida para a compreensão do tema abordado neste ensaio sobre o mal-estar do contemporâneo e a lógica da inversão de valores, em que a humanização da Coisa e a coisificação do Humano são discutidas. Cada obra mencionada contribui com perspectivas filosóficas, sociológicas e psicológicas para a análise das questões apresentadas ao longo deste texto.
 
Cabe também ressaltar que o debate sobre essas temáticas é complexo e multidisciplinar, e muitas outras fontes de pesquisa e estudo podem enriquecer a compreensão desse fenômeno contemporâneo. Portanto, aconselha-se a busca por literatura adicional, artigos acadêmicos e trabalhos de especialistas na área, a fim de aprofundar o entendimento sobre as transformações culturais e sociais que impactam a humanidade neste século.
 
A reflexão acerca do mal-estar do contemporâneo é uma convocação para a sociedade se questionar e buscar soluções para as problemáticas que emergem do processo de humanização da Coisa e coisificação do Humano. Ao examinar criticamente nossos valores e prioridades, podemos vislumbrar um caminho de renovação, resgate de nossa humanidade genuína e maior harmonia com a natureza que nos sustenta.
 
O desafio que enfrentamos é considerável, mas não é insuperável. Através da busca incessante pela sabedoria, da empatia para com os outros seres humanos e de uma atitude responsável em relação ao nosso planeta, podemos encontrar um novo equilíbrio e alcançar um sentido mais profundo de existência em meio ao caos do contemporâneo.
 
Este ensaio aspira a contribuir para um diálogo frutífero e inspirador, capaz de impulsionar transformações em nossas perspectivas e comportamentos. Que a busca por uma sociedade mais humanizada e consciente seja um objetivo coletivo, construído passo a passo, para que possamos enfrentar os desafios e construir um futuro mais promissor para a humanidade.
 
Conclusão:
Ao sondar o mal-estar do contemporâneo decorrente da lógica da inversão de valores, somos convidados a repensar nossa relação com a Coisa e o Humano. O estranho despertar da humanidade para a humanização da tecnologia e a coisificação do Humano nos coloca diante de desafios profundos que requerem uma reflexão coletiva e uma busca por transformações significativas.
 
É imprescindível redescobrir nossa essência como seres humanos, reafirmando valores como a compaixão, a empatia e a solidariedade. Devemos reconhecer que, embora a tecnologia e a inovação possam nos enriquecer, são as relações humanas genuínas que dão significado às nossas vidas.
 
Ao encarar a Coisa com responsabilidade ecológica e respeito à natureza, encontraremos um caminho para reequilibrar nossa relação com o meio ambiente, compreendendo que somos apenas uma parte do todo, inseparáveis da teia da vida.
 
Portanto, é urgente a necessidade de repensarmos nossa posição no mundo e revermos nossas prioridades como sociedade. A reflexão sobre o mal-estar contemporâneo e a lógica da inversão de valores é o primeiro passo para resgatar o verdadeiro sentido da humanidade, onde a dignidade do Humano é preservada e a Coisa ocupa seu devido lugar, como uma ferramenta a serviço do bem-estar coletivo.
 
REFERÊNCIAS
Chopra, Deepak, e Ford, Debbie. O Efeito Sombra. Editora BestSeller, 2011.
Debord, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Tradução de Estela dos Santos Abreu. Contraponto, 1997.
Freud, Sigmund. O mal-estar na civilização. Tradução de José Octavio de Aguiar Abreu. Imago, 2010.
Laplantine, Laurent. A Era do Vazio. Editora Ática, 2012.
Toffler, Alvin. O Choque do Futuro. Editora Record, 1970.
 

[1] Professor Universitário, com graduação em Ciências Jurídicas e Sociais; pós-graduado em Gestão Empresarial, Mestrando em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida, especialista em Filosofia e Autoconhecimento e pós graduando em A moderna educação: Foco no aluno.

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