O mercado de estética vem ganhando destaque na última década, com uma promissora perspectiva de aumento nos próximos anos. A curiosidade é que a procura por tratamentos estéticos ganhou força em um período de grande recessão financeira, em todo o mundo, com o advento da COVID-19. Ainda que não configure um serviço essencial, foi um setor muito procurado. O novo coronavírus modificou o modo de interação, interferindo setores comerciais, mas também as relações interpessoais. Nem mesmo um cenário tão controverso foi capaz de deter o avanço do setor de estética que ganha a cada semestre novos clientes. O mercado de procedimentos cirúrgicos, como aplicações de silicone nos seios, cirurgias bariátricas, rinoplastias são alguns dos procedimentos que ganhou visibilidade da população nos últimos anos. Já na área da estética procedimentos como carboxiterapia, jato de plasma , lipocavitação, radiofrequência e criolipólise foram muito procurados. Ano passado o setor teve faturamento maior que o ano de 2019, período anterior à pandemia. Ou seja, mesmo sob contingências como a quarentena, que obrigou toda a população a ficar isolada, não diminuíram os ganhos de estética no país, pelo contrário, superou os valores do ano anterior. Um estudo realizado pela empresa Allergan, juntamente com a Sociedade Brasileira de Dermatologia - SBD e com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - SBCP, demonstrou que cerca de 82% dos brasileiros têm vontade de mudar algum fator estético no rosto. O mesmo estudo apontou que aproximadamente 58% das pessoas que participaram da pesquisa por meio de entrevista disseram ter interesse em fazer algum procedimento estético para mudar pelo menos um aspecto do rosto em algum momento da vida. Por que aumentou a procura por procedimentos estéticos na quarentena? É evidente que o setor de estética ganhou ainda mais adeptos aos seus procedimentos, mesmo em tempos de grandes restrições sociais. Mas o que de fato justifica o desejo das pessoas em realizar essas mudanças? Em uma entrevista para o Portal UOL, a doutora em psicologia Henriette Morato - Universidade de São Paulo USP - elaborou que a vontade de mudanças físicas, em análise geral, costuma surgir em momentos de instabilidade social, onde se tem a sensação de não ter controle sobre âmbitos maiores. "Esses fatores interferem diretamente no modo como nos vemos e, consequentemente, na qualidade da autoestima. É meramente encontrar paliativos para ter uma pseudo dominação, um controle sobre as coisas do mundo e sobre si mesmo, uma coisa que a pandemia agora está impedindo", relata Morato. Outro fator que aponta uma justificativa plausível para essa demanda estar aumentando é que devido ao novo formato de trabalho remoto, que grande parte das empresas adotou, as pessoas ganharam uma vantagem: maior tempo de recuperação dos procedimentos estéticos. Essa foi a oportunidade para que pessoas que até antes planejavam realizar procedimentos cirúrgicos mais invasivos, por exemplo, realizassem seu desejo, com a garantia de que a recuperação dos procedimentos estéticos acontecesse de forma mais eficiente e tranquila.