Quando aqui cheguei o Guaçu era aglomerado de casas e a população urbana se concentrava em três pontos na parte baixa, ou seja, adjacências do Largo - Praça Rui Barbosa a meio caminho no lote e parte alta, na capela, mas digno de menção se faz o centro que naquela época tinha como artérias principais a rua da Boiada - Quinze de Novembro, a Rua Treze de Maio, a Avenida Nove de Abril, a Rua Chico de Paula, a Rua da Estação - Siqueira Campos, a Rua Paula Bueno entre outras, de vez em quando ouvia-se o grito “E Vem Vaca Brava” era o sinal para as donas de casa e os filhos pequenos porque pela Nove de Abril vinha vindo uma boiada e quando não passava pela Treze de Maio demandando o Largo e a Ponte Velha de Ferro enfiava pela rua da Boiada e seguia pelo Jardim Velho - Praça Cândido Rondon às vezes e estacionava ali algumas horas para descanso para prosseguir com destino a Campinas e São Paulo naquela época éramos acostumados com esse tipo de coisa, pois o sistema de transportes era baseado nos muares e equinos e bovinos. Proliferavam as carroças, carros de boi e carroções, a limpeza da cidade se fazia com auxílio de carroças e carroções assim as ruas que eram de chão batido com exceção do largo, calçadas com paralelepípedos mostravam sulcos que as pesadas rodas deixavam. Os circos de rodeio, quem se lembra do circo de rodeio México e o conhecido toureiro Asa Branca sempre se faziam presentes, com seus toureiros e palhaços montando e pegando bois a unha. Vez por outra alguns jovens incautos queriam provar coragem e o resultado era luxações, esfoladuras o moral abatido. Ver uma Boiada passar era conhecer e admirar a figura bo boiadeiro com suas bombachas à moda gaúcha, enormes esporas com roseta, camisa colorida, lenço no pescoço, chapéu aba larga e a indefectível guaiaca na cintura e para completar o quadro hoje raro o cavalo tordilho com crina e cauda longa com peitoral e rabicho arreio com capa de chuva amarrado atrás e o inseparável laço de couro trançado, as vezes acontecia de uma ou outra se desgarrar e entrar no quintal de algum morador da Rua da Boiada, do pastilho ou da Rua do Arreião. Durante as paradas que as boiadas faziam tínhamos a oportunidade de conhecer mais de perto os boiadeiros através dos causos e façanhas que contavam. Hoje seria impossível ver uma boiada passar, pois o Guaçu cresceu e a Rua da Boiada foi substituída pelos vagões da Fepasa que transportam as boiadas e fazem desaparecer a figura pitoresca do Boiadeiro hoje na rua da Boiada só se vê passar uma confusão de automóveis motos e ônibus na hora do Rush.
Até a próxima Diamantino Gaspar Presidente da Academia Guaçuana de Letras.